Porque é que a Bíblia é história? Porque é que a Bíblia tem de ser história?
Os evolucionistas ridicularizam o relato da criação e o
criacionismo. A geologia uniformitarista defende que a terra tem bilhões de
anos e rejeita um dilúvio universal. Os historiadores afirmam que eventos
descritos na Bíblia nunca ocorreram, que pessoas não existiram, ou pelo menos
não da maneira como está escrito e quando. O êxodo do Egipto, a conquista da
terra de Canaã, a existência de Abraão e dos patriarcas Isaac e Jacob, e até a
existência de David e Salomão é posta em causa.
Tudo o que é “anormal” e “sobrenatural”, tudo o que desafia
as alegadas constantes da física é descartado como mito, lenda e ficção (as
pragas do Egipto, a passagem pelo mar … e, no Novo Testamento, Jesus
transformando água em vinho, Jesus andando sobre a água, Jesus calando a
tempestade, a multiplicação dos pães, as curas, a ressurreição …).
Mas é no evento mais inacreditável e sobrenatural que reside
a salvação e o fundamento da nossa fé.
Paulo afirma que «se Cristo não ressuscitou, é vã a vossa fé …
se esperamos em Cristo só nesta vida, somos os mais miseráveis de todos os
homens (1Cor 15:17,19).
Se os eventos narrados na Bíblia não
são verdade histórica, não têm consequências para a vida.
A razão da nossa fé está baseada neste facto histórico e ponto
culminante do plano de Deus que se desenvolveu desde “antes da fundação do
mundo” (Ap 13:8): Jesus ressuscitou!
«Se Cristo não ressuscitou, se os mortos não ressuscitam,
que nos aproveita isso?» Quem não crê nisto, seja coerente: «Comamos e bebamos
que amanhã morreremos» (1Cor 15:32).
Por outro lado, se a ressurreição é verdade, não será também
todo o resto narrado na Bíblia?
A verdadeira fé cristã está fundamentada em factos históricos, não em invenções
e fábulas. Se a Bíblia não é verdade, se os eventos descritos na Bíblia
não são factos históricos, a nossa fé não vale nada. Tudo não passa de uma
grande ilusão.
Se Deus não é o Criador, todo o resto é irrelevante. Não
reconhecer o Deus Criador, não reconhecer que Deus criou o homem/Adão (e que
este não é evolução de símio, de acaso e de seleção natural), abandonar um Adão
histórico e negar a queda do homem, o pecado e o juízo é negar a razão por que
Jesus veio à terra para redimir a humanidade: a cruz e a ressurreição de Jesus
não fazem, então, sentido.
Por mais estranhas e impossíveis que algumas partes da
bíblia possam parecer aos nossos olhos do século 21, impregnados com toda a
informação que vem do mundo, da ciência, da filosofia, da literatura, do
cinema, da televisão, das redes sociais, a
Bíblia é história, é facto.
O nosso fundamento tem de ser a
autoridade da Palavra de Deus, a verdade mais alta. Afinal, vem do nosso Deus
que é o Criador de todas as coisas. É nele, em Cristo, que estão escondidos todos
os tesouros da sabedoria e da ciência.
«E digo isto, para que ninguém vos
engane com palavras persuasivas … Tendo cuidado, para que ninguém vos faça
presa sua, por meio de filosofias e vãs subtilezas, segundo a tradição dos
homens, segundo os rudimentos do mundo, e não segundo Cristo» (Col 2:
3-4, 8).
Quanto à autoridade das Escrituras, cito Herman C. Hanko (Issues in Hermeneutics. (Protestant Reformed Theological Journal, April and November, 1990, and April and November, 1991 http://www.prca.org/articles/issues_in_hermeneutics.html):
«A Escritura é diferente de
qualquer outro livro. Não veio até nós
para verificação. Não apresenta o seu caso para ser examinado através provas
externas a ela para determinar se é ou não é credível. Não é um texto sobre
a filosofia da história que apresenta opiniões extraordinárias sobre como devemos
explicar a história; não apresenta opiniões que estão abertas a exame e
questionamento. É a Palavra de Deus que vem para o homem como “assim diz o Senhor”. A Palavra traz
com ela a autoridade do próprio Deus
soberano perante quem todos os homens devem curvar-se em humildade. Depende
dela o desfecho de céu ou inferno».
Quando Deus não é reconhecido, quando a autoridade das
Escrituras é negada, há lugar a todo o tipo de interpretações.
… Porque as suas coisas invisíveis, desde a criação do
mundo, tanto o seu eterno poder, como a sua divindade, se entendem, e claramente
se veem, pelas coisas que estão criadas, para que eles fiquem inexcusáveis,
porquanto, tendo conhecido a Deus, não o glorificaram como Deus, nem lhe deram
graças, antes em seus discursos se desvaneceram, e o seu coração insensato se
obscureceu. Dizendo-se sábios, tornaram-se loucos (Rom 1:20-22).
… Amontoarão para si doutores, conforme as suas próprias
concupiscências. Desviarão os ouvidos da verdade, voltando às fábulas (2Tim
4:3-4).
As afirmações bíblicas, dizem (alguns), devem ser
verificadas pela ciência. Isto significa colocar a criatura acima do Criador, a
razão da mente humana acima de Deus, estabelecer a mente humana como norma e
árbitro da verdade e do conhecimento.
O que o Senhor responde a esta presunção será porventura a
mesma pergunta que fez a Job?
-- Onde estavas tu,
quando eu fundava a terra? Faze-mo saber, se tens inteligência. Quem lhe pôs as
medidas, se tu o sabes? … (Job 38:4-5)
– Quem guiou o Espírito do Senhor? E que conselheiro o
ensinou? Com quem tomou conselho, para que desse entendimento, e lhe mostrasse
as veredas do juízo e lhe ensinasse sabedoria, e lhe fizesse notório o caminho
da ciência? […] A quem, pois, fareis semelhante a Deus? Ou com que o
comparareis? […] Ele é o que está assentado sobre o globo da terra, cujos
moradores são para ele como gafanhotos: ele é o que estende os céus como
cortina, e os desenrola como tenda para neles habitar (Isaías 40:13-14,18, 22).