19/04/2015

DE JOSIAS AO EXÍLIO (1)- Josias

No último período da monarquia de Judá, sucedem, a Josias (que reinou 31 anos), 4 reis: Jeoacaz (reinou 3 meses), Jeoaquim (reinou 11 anos), Joaquim (reinou 3 meses e 10 dias) e Zedequias (reinou 11 anos). No 11º ano de Zedequias, Jerusalém cai definitivamente nas mãos de Nabucodonosor da Babilónia.

Começando no 13º ano de Josias, este é o período em que Jeremias profetiza em Judá e Jerusalém. O livro de Jeremias não é organizado de modo cronológico, mas vamos tentar colocar os vários capítulos no seu lugar na história.

Naquele tempo, falam também os profetas Naum, Sofonias e Habacuque.

Com as primeiras deportações para Babilónia, assistimos também ao começo das profecias de Ezequiel e da história de Daniel.
 

JOSIAS

AH 3364
Josias tinha apenas 8 anos quando começou a reinar e reinou 31 anos (2Rs 22:1).
Ainda criança, o governo deve ter sido assumido interinamente pelo “povo da terra” (2Cr 33:25), até Josias ter idade suficiente para reinar. O “povo da terra” seria uma classe de pessoas influentes, da aristocracia, do poder militar, ....

Quando Josias tinha 13/14 anos, tinha já duas mulheres: Zebida, mão de Jeoaquim (2Rs 23:36), e Hamutai, mãe de Jeoacaz (2Rs 23:31). Jeoaquim nasceu em 3369, Jeoacaz, em 3371, aproximadamente.

Numa idade tão jovem, Josias estava envolvido num casamento polígamo, proibido pela lei (Gn 2:24; Lv 18:18;Dt 17:17). Mas estes casamentos foram arranjados antes de ele começar a buscar a Deus e encontrar o livro da lei.

AH 3371
No 8º ano do seu reinado, Josias (16 anos, ainda moço) começa a buscar a Deus (2Cr 34:3).
Também nesse ano, nasceu Salum (= Jeoacaz).

 AH 3375
No seu 12º ano, agora em idade para exercer poder (e ser contado entre “os capazes de sair à guerra em Israel” - Num 1:3), Josias começa a purificar a Judá e a Jerusalém da presença de imagens e altares de ídolos (2Cr 34:3-5). O mesmo fez nas cidades de Manassés, de Efraim e Simeão, até Naftali, portanto, no território do reino de Israel cujas tribos já tinham sido expulsas, e onde outros povos foram introduzidos pelo rei da Assíria (2Cr 34:6-7). Entre os altares derribados, estava o de Betel, edificado por Jeroboão no princípio do tempo de monarquia dividida, e acerca do qual um profeta anunciara a sua destruição (1Rs 12:28;13; 2Rs 23:15-16).

AH 3376
13º ano de Josias: Jeremias é chamado pelo Senhor e começa a profetizar (Jr 1:2; 25:3).

É possível que a primeira grande mensagem de Jeremias (Jr 2 a 3:5) pertença a esta época. Não se descortina nela o menor vislumbre de perdão.

AH 3381
Tendo derribado os altares, os postes-ídolose e as imagens de escultura, até reduzi-los a pó, e tendo despedaçado todos os altares do incenso em toda a terra de Israel, então voltou para Jerusalém (2Cr 34:7; 2Rs 23:20). O texto (2Cr 34:3-8) dá a entender que a purificação da terra e da casa estava completada no 18º ano de Josias. Naquele ano, Josias ordenou que o templo fosse reparado.
Josias mandou Safã, o escrivão, a Hilquias, o sumo-sacerdote, para contar o dinheiro e entregá-lo aos que tinham a seu cargo a obra da casa (2Rs 22:3-7; 2Cr 34:8-13). Este dinheiro provinha das mãos de Manassés, de Efraim, e de todo o resto de Israel, como também de todo o Judá e Benjamim, e dos habitantes de Jerusalém (2Cr 34:9). Aparentemente, o dinheiro fora recolhido durante os anos em que Josias procedera ao derrube dos altares dos deuses estranhos, do 12º ao 17º ano do seu reinado.
Por essa ocasião, Hilquias encontrou o livro da Lei, que Safã leu perante o rei. O rei mandou-os consultar a profetiza Hulda (2Rs22:8-20; 2Cr 34:14-28) e ficou grandemente preocupado quando percebeu que era grande o furor do Senhor sobre eles porque não guardaram a aliança. O resultado foi que Josias lesse a lei perante todo o povo e fizessem aliança para seguir o Senhor e guardar os seus mandamentos. Todos anuíram a esta aliança, e de seguida celebraram a Páscoa (2Rs23:21-23; 2Cr 35).

2Cr 34:3-8 dá a entender que a purificação da terra e da casa terminou no início do 18º ano. Segundo 2Rs 23:4-20, parece que a purificação do templo teve lugar no 18º ano, antes da Páscoa.  Contradição? Ou trata-se simplesmente de informação complementar. As reformas que iniciaram no 12º ano continuaram no 18º ano, e ainda foram reforçadas, depois de Josias ter tomado conhecimento da lei?

Durante o seu reinado, Josias fez várias reformas para cumprir as palavras da lei (2Rs 23:24), e obrigou o povo a servir o Senhor (2Cr 34:33). Não houve rei semelhante a ele que se convertesse ao Senhor de todo o coração. Nada obstante, o Senhor não desistiu do furor da sua grande ira com que ardia contra Judá, por todas as provocações com que Manassés o tinha irritado. Judá seria removido tal como Israel o foi (2Rs 23:25-28), conforme também as palavras que foram ditas pela profetiza Hulda, mas o mal não viria no tempo de Josias (2Rs22:18-20; 2Cr 34:27-28).

A segunda mensagem de Jeremias, nos dias de Josias (Jr 3:6 a 6:30) oferecia uma garantia de perdão desde que o arrependimento fosse genuíno e sincero. Mas Judá não se voltou de todo o coração para o Senhor, mas fingidamente (Jr3:10). A reforma de Josias não foi muito profunda. O arrependimento não passou de superficial. Depois da morte de Josias, o povo voltaria rapidamente aos velhos hábitos.

A mensagem em Jr 11 e 12 - “ouvi as palavras desta aliança” – parece estar relacionada com a descoberta do livro da lei, o livro que fala da aliança entre Deus e o seu povo. “Maldito o homem que não atentar para as palavras desta aliança (11:4). Ouvi as palavras desta aliança e cumpri-as (11:6)”, foi a mensagem que o Senhor mandou Jeremias apregoar nas cidades de Judá e nas ruas de Jerusalém.  
Os homens de Anatote, terra natal de Jeremias, não gostaram da mensagem e procuraram a morte do profeta (11:18-21). Anatote era uma cidade sorteada no tempo de Josué para habitação dos levitas na região de Benjamim (Jos 21:18). Mas um estigma pairava sobre Anatote porque Abiatar, último sacerdote da linhagem de Itamar (ver mensagem Eli e descendentes), foi expulso do sacerdócio por Salomão, porque ele tinha sido infiel a David. “Vai para Anatote, para teus campos, porque és homem digno de morte”, cumprindo-se a profecia feita ao sacerdote Eli, em Silo (1Rs 2:26-27).

Jr 14-15 poderá também datar do tempo de Josias. Comparar Jr 15:4 e 2Rs 23:26-27

Naquele tempo, o poder da Assíra estava a encolher na sequência de rebeliões em todo o império e do poder crescente da Babilónia.

Nesse tempo, ainda no reino de Josias, falou o profeta SOFONIAS, antes da destruição de Nínive (AH 3392 / 612 a.C.) e do fim do império da Assíria (Sof 2:13).

AH 3394
2Rs 23:29 – Nos dias de Josias subiu Faraó Neco, rei do Egipto, contra o rei da Assíria, ao rio Eufrates; e, tendo saído contra ele o rei Josias, Neco o matou, em Megido, no primeiro encontro.

O Império Assírio tinha sucumbido às forças aliadas de Babilónios e Medos. Ninive já caíra (612 a.c.), seguido de Haran (610 a.C.). Como líder das forças aliadas, Nabopolassar, rei da Babilónia, tomou para si os títulos dos reis que conquistou. Ele é o “rei da Assíria” contra quem Neco marchava com um exército para o rio Eufrates para o confrontar, em Carquemis.

Foi quando o exército egípcio atravessou Judá a caminho do Eufrates, que Josias saiu de encontro a Neco. “Então Neco lhe mandou mensageiros, dizendo: Que tenho eu contigo, rei de Judá? Não vou contra ti hoje, mas contra a casa que me faz guerra; e disse Deus que me apressasse; cuida de não te opores a Deus, que é comigo, para que ele não te destrua. Porém Josias não tornou atrás, antes se disfarçou, para pelejar contra ele, e, não dando ouvidos às palavras que Neco lhe falara da parte de Deus, saiu a pelejar no vale de Megido. Os flecheiros atiraram contra o rei Josias … e ele morreu (2Cr 35:20-24).
 
Jeremias compôs uma lamentação sobre Josias (2Cr 35:25). Esta lamentação não chegou a nós. Mas “o pranto de Hadadrimom (um lugar) no vale de Megido”, mencionado em Zacarias 12:11, refere-se, segundo os comentários, a uma lamentação sobre Josias. A lamentação era tão grande que acabara por tornar-se proverbial para expressar um pranto extraordinariamente grande (Jamieson, Fausset & Brown).