22/07/2017

O SÁBADO DA RESSURREIÇÃO

Em que dia da semana Jesus ressuscitou?
Este é mais um problema cronológico que tem ocupado muitas mentes.
Existem várias teorias relativamente aos dias da crucificação e ressurreição de Jesus Cristo. A mais geralmente aceite é que Jesus foi crucificado numa sexta-feira e ressuscitou no primeiro dia da semana, ou seja no dia a que chamamos domingo. Outros defendem uma crucificação na quinta-feira, ou até na quarta-feira. Raramente o domingo é posto em causa. Mas há também quem afirme que Jesus ressuscitou num sábado.
Somos chamados a analisar as Escrituras, e examinei cuidadosamente esta questão (At 17:11) e exponho a seguir a conclusão a que cheguei, e que de certo modo me surpreendeu.
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Antes de procurar estabelecer a cronologia da semana da paixão, precisamos entender claramente como funciona o calendário bíblico, os dias, os sábados e as outras festas que Deus instituiu através de Moisés. Atenção, não podemos confundir o calendário judaico atual com o calendário bíblico, nem confiar nele, porque o calendário judaico, matematicamente calculado, só atingiu a sua forma a partir do século IX d.C. e está inserido numa tradição rabínica que rejeita Jesus Cristo como o Messias. Sem esta compreensão, não sairemos da confusão.

O que precisamos ter em consideração:
1)      Contrariamente ao que nos foi sempre dito, o dia não começa e termina com o pôr-do-sol, mas o dia bíblico começa e termina com o nascer do sol. Primeiro o dia, depois a noite.[i]
2)      No entanto, a celebração do sábado (sabbath) começava à tarde, ou seja ao pôr-do-sol do dia antes do sábado até ao pôr-do-sol do dia seguinte. Lev 23:32 – Sábado de descanso vos será, então afligireis as vossas almas; … de uma tarde a outra tarde, celebrareis o vosso sábado.
Portanto, a celebração do sábado está por assim dizer “a cavalo” entre dois dias, entre o dia de sexta-feira e o dia de sábado propriamente dito.
A parte do dia de sexta-feira que antecede o pôr-do-sol é chamada “preparação” ou parasceve em Grego no Novo Testamento (Lc 23:54; Jo 19:31,42).
3)      Sabbath vem de um verbo que significa “repousar”, ”cessar”. E não se aplica apenas ao sétimo dia da semana.
É preciso distinguir entre 2 tipos de sábado (sabbath).
- Há o sábado normal, que é o 7º dia de uma semana. Lv 23:3 – Seis dias obra se fará, mas o sétimo dia será o sábado do descanso, santa convocação; nenhuma obra fareis; sábado do Senhor é em todas as vossas habitações.
- E há sábados chamados “grandes” (João 19:31) ou “solenidades” convocadas no seu tempo determinado (Lv 23:4-44), que são festas ou “sábados” anuais, quando também há “santa convocação”, descanso, e que não se pode fazer nenhuma obra servil, do mesmo modo como num sábado normal.
O primeiro e o sétimo dia da Festa dos Pães Asmos são “sábados” (Lv 23:7-8). O dia 1 de Tishri, Dia das Trombetas, é um “sábado” (Lv 23:24). O dia 10 de Tishri (7º mês), que é o Dia da Expiação, é um “sábado de descanso” (Lv 23:27-32; 16:29-31). O primeiro e o último dia da Festa dos Tabernáculos são “sábados”, solenidades, santas convocações (Lv 23:39).
4)      As festas que, nesta matéria, precisamos de entender muito bem é a Páscoa e a Festa dos Pães Asmos, que formam um conjunto indivisível. As passagens que falam das festas encontram-se nos seguintes capítulos: Êxodo 12, Levítico 23, Números 28, Deuteronómio 16.
O esquema a seguir facilita a compreensão:

Esquema atualizado em 17-08-2017
Abib 14
Abib 15
Abib 16
Abib 17
Abib 18
Abib 19
Abib 20
Abib 21
Dia
Noite















1º dia dos asmos
2º dia
3º dia
4º dia
5º dia
6º dia
7º dia
Ex 12:18

Sacrifício do cordeiro à tarde
Páscoa
Lv 23:6
Festa dos asmos
O molho das primícias é movido






Sábado de festa
=solenidade










Sábado de festa
=solenidade


No dia Abib 14, o cordeiro era sacrificado à tarde (EREB) e era comido à noite (LAYIL) com pães asmos (Ex 12:6-8). Naquela noite foi a morte dos primogénitos e a partida apressada dos Israelitas do Egipto (Dt 16:1-3).
Lv 23: 5 – No mês primeiro, aos 14 do mês, pela tarde, é a páscoa do Senhor.
Dt 16:6 - … sacrificarás a páscoa, à tarde, ao pôr-do-sol, ao tempo determinado da tua saída do Egipto
Dt 16:7 – Então a cozerás, e comerás … depois, sairás pela manhã, e irás às tuas tendas.
Ex 12.15 – 7 dias comereis pães asmos; ao primeiro dia tirareis o fermento das vossas casas
Ex 12:18 – No primeiro mês, aos 14 dias do mês, à tarde, comereis pães asmos, até 21 do mês, à tarde.
Lv 23:6 – E aos 15 deste mês [Abib], é a festa dos asmos do Senhor; sete dias comereis asmos.
Dt 16:3 – Sete dias comerás pães asmos.

Dt 16:8 – Seis dias comerás pães asmos e, no sétimo dia é solenidade ao Senhor, teu Deus: nenhuma obra farás.
Ex 12:16 – E ao primeiro dia haverá santa convocação; também ao 7º dia, tereis santa convocação: nenhuma obra se fará neles.
Lv 23:7 – No primeiro dia, tereis santa convocação, nenhuma obra servil fareis
Lv 23:8 – Ao sétimo dia, haverá santa convocação
O primeiro e o sétimo dia da Festa, quando há santas convocações, são “sábados de festa”, não são sábados semanais normais.
Visto que Abib 14 não calha no mesmo dia da semana todos os anos, há necessariamente algures entre o primeiro e o último sábado de festa dos Asmos um sábado semanal normal. Em certos anos, os sábados normais poderão coincidir com os sábados de festa.
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Depois de compreender isto, algumas passagens no NT parecem contraditórias. Quando é que Jesus e os discípulos comeram a sua ceia? No dia 14 de Abib? Porque Marcos (14:12), Lucas (22:7) e Mateus (26:17) falam no “primeiro dia dos pães asmos”, “em que importava sacrificar a páscoa”? Ou no dia anterior 13 de Abib? João 13:1 fala do “dia antes da Páscoa”. Se comeram a ceia no dia 14, Jesus seria crucificado no dia 15, no sábado da festa, o que a lei não permitiu, nem está de acordo com os evangelhos (Mt 27:62; Mc 15:42; Lc 23:54; Jo 19:31, 42) que referem todos que o dia em que Jesus foi crucificado era o “dia de preparação”, portanto a parte do dia que antecedia o pôr-do-sol da festa da Páscoa. Afinal, em que dia Jesus foi crucificado? E quantos dias depois ressuscitou? Em que dia da semana?
Em vez de me debruçar sobre as contradições, decidi analisar todo o contexto temporal, ou seja estabelecer a cronologia de todos os eventos na semana em que Jesus foi crucificado e ressuscitou, começando com a sua entrada em Jerusalém. Isto ajudou a tornar tudo muito mais claro.

Cronologia de eventos
Abib 8
Jo 12:1-19 – Foi, pois, Jesus seis dias antes da páscoa, a Betânia, onde estava Lázaro que falecera … Fizeram-lhe uma ceia … Maria ungiu os pés de Jesus …
João estabeleceu o início – 6 dias antes da páscoa – (Contámos assim: Páscoa é Abib 14, Abib 13 é 1 dia antes, Abib 12 é 2 dias antes, etc.) e a ligação com a entrada de Jesus em Jerusalém no dia seguinte (Jo 12:12). De resto, João dá poucos pormenores dos acontecimentos; passa diretamente do dia da entrada triunfal para a ceia. Lucas e Mateus não são muito explícitos na cronologia dos acontecimentos dos dias seguintes até ao dia da ceia. Mas o evangelho de Marcos, começando com a entrada triunfal de Jesus em Jerusalém, descreve dia a dia, com pormenor e cuidadosamente, a sequência de todos os acontecimentos, de todas as idas e vindas de Jesus.

Abib 9
Jo 12:12 – No dia seguinte, ouvindo uma grande multidão, que viera à festa, que Jesus vinha a Jerusalém, tomaram ramos de palmeira ….
Mt 21:12 e Lc 19:45-47 situam aqui o episódio da purificação do templo.
Mc 11:11 – E Jesus entrou em Jerusalém, no templo, e, tendo visto tudo em redor, como fosse já tarde, saiu para Betânia com os doze.

Abib 10
Mc 11:12-14 – E, no dia seguinte, quando saíram de Betânia, teve fome … vendo ao longe uma figueira …
Mc 11:15 – E vieram a Jerusalém; e Jesus, entrando no templo, começou a expulsar os que vendiam e compravam no templo …
Mc 11:19 – E sendo já tarde, saiu para fora da cidade.

Abib11
Mc 11:20 – E eles, passando pela manhã, viram que a figueira se tinha secado …
Mc 11:27 – E tornaram a Jerusalém, e andando ele pelo templo … (Jesus ensina no templo)
Mc 12:13 – E saindo ele do templo … (sermão profético)

Abib 12
Mc 14:1 – E dali a dois dias era a páscoa, e a festa dos pães asmos, e os principais dos sacerdotes e os escribas buscavam como o prenderiam com dolo, e o matariam. Mas eles diziam: Não na festa, para que, porventura, se não faça alvoroço entre o povo.
Mc 14:3 – E estando ele em Betânia, assentado à mesa em casa de Simão … (Marcos coloca aqui o episódio da unção de Jesus por Maria, com algumas diferenças do evangelho de João. Mas isto não é relevante na sequência; o que é relevante aqui é o que diz Mc 14:1 – daqui a dois dias é Páscoa. Faltava só um dia para a Páscoa.

Abib 13
Mc 14:12 – E, no primeiro dia dos pães asmos, quando sacrificavam a páscoa, disseram-lhe os discípulos: Aonde queres que vamos fazer os preparativos para comer a páscoa?
Aqui, como Mt 26:17 e Lc 22:7, parecem indicar que o dia da ceia de Jesus com os discípulos era o dia 14, o dia em que se sacrificava e comia a páscoa (ver esquema acima).
Mas, se a ceia de Jesus com os discípulos acontece no dia 14, a narrativa de Marcos omite um dia, o dia 13. E é estranho que Marcos tivesse omitido um dia, porque desde o dia da entrada triunfal em Jerusalém, Marcos relata cuidadosamente todas as idas e vindas de Jesus e alguma ocorrência em todos os dias.
João, por outro lado, parece indicar que a ceia foi anterior à festa da Páscoa, portanto no dia 13. Jo 13:1-2 – Ora, antes da festa da páscoa,…. E, acabada a ceia … (segue a narrativa da ceia e os ensinamentos daquela noite).
Além disso, a narrativa do dia da crucificação diz claramente que aquele dia era a “preparação”, parasceve do sábado, do grande sábado, isto é do sábado da festa da páscoa (Jo 19:14, 31). E ainda, o sacrifício do cordeiro em Abib 14 segundo Exodo 12 não prefigura Jesus como o Cordeiro que morreu pelos nossos pecados? Não é natural que o sacrifício de Jesus tenha acontecido nesse dia?
Por isso, deduzo que a ceia de Jesus e os discípulos foi uma ceia de páscoa antecipada ou uma ceia de despedida de Jesus dos seus discípulos.
Depois da ceia, nessa mesma noite, Jesus sai com os seus discípulos para o Monte das Oliveiras (Mt 26:30; Mc 14:26; Lc 22:39), para um lugar chamado Getsémani (Mt 26:36; Mc. 14:32).
Nessa noite Jesus é preso e levado à casa do sumo-sacerdote (Mt 26:57; Mc 14:53; Lc 22:54).
O canto do galo anuncia o amanhecer (Mc14:72; 15:1), quer se trate de um galo verdadeiro, quer de um grito de um oficial no templo que chamava a madrugada para o início do serviço no templo.

Abib 14
Ao amanhecer Jesus é levado a Pilatos (Mt 27:1; Mc 15.1).
Jo 19:14 – E era a preparação da páscoa
Jesus é crucificado à hora terceira (Mc 15:25), cerca das 9 da manhã. Da hora sexta à hora nona, houve trevas (Mt 27:45; Mc15:33). À hora nona, Jesus entrega o espírito. Era por volta das 3 horas da tarde.
João usa outro sistema de contar as horas que os evangelhos sinópticos, mas isto não interfere aqui na cronologia.
Jo 19:31 – Os judeus, pois, para que no sábado não ficassem os corpos na cruz, visto que era a preparação (pois era grande o dia de sábado), rogaram a Pilatos que se lhe quebrassem as pernas.
Mc 15:42 – E, chegada a tarde, porquanto era o dia da preparação, isto é, a véspera do sábado. Chegou José de Arimateia.
Jesus foi sepultado antes do escurecer, no dia 15 de Abib, antes de começar a celebração do “sábado da festa”. O sepulcro não estava muito longe, por causa da preparação dos judeus (Jo 19:42).
Lc 23:54-56 - e era o dia da preparação, e começava o sábado. E as mulheres, que tinham vindo com ele da Galileia, seguiram, também, e viram o sepulcro, e como foi posto o seu corpo. E, voltando elas, prepararam especiarias e unguentos;
Lc 23:56 – e no sábado repousaram, conforme o mandamento.
Repousaram, do pôr-do-sol do dia 15 ao pôr-do-sol do dia 16.
Este sábado que começava ao pôr-do-sol do dia 15 de Abib era, repito, o sábado da festa dos Pães Asmos, não o sábado semanal.

Abib 15
Mc 16:1 – E, passado o sábado, Maria Madalena, e Maria, mãe de Tiago, e Salomé, compraram aromas para irem ungi-lo.
Isto terá sido provavelmente na noite desse dia, depois do pôr-do-sol, quando já não vigoravam as restrições do sábado. As mulheres não foram certamente ao túmulo para ungir o corpo porque entretanto já era noite, e preparavam-se para o fazer na madrugada do dia seguinte.

Abib 16
Mt 28:1 – E, no fim do sábado, quando já despontava o primeiro dia da semana, Maria Madalena e a outra Maria foram ver o sepulcro.
Mt 28:1, Mc 16:1; Lc 24:1 e Jo 20:1 dizem todos que Maria Madalena foram ao sepulcro no primeiro dia da semana, de manhã cedo de madrugada, ao nascer do sol. Diziam: “quem nos revolverá a pedra da porta do sepulcro?” (Mc 16:3) Mas o túmulo já estava aberto.
Se Jesus tivesse ficado mais uma noite no túmulo, as mulheres teriam tido um dia inteiro para tratar o corpo com os aromas e as especiarias. Mas não tiveram oportunidade. Quando foram lá, o corpo de Jesus já não estava.
Por isso penso que foi naquele dia, logo antes da madrugada, que Jesus ressuscitou.

Mas depois temos uma dificuldade com a comparação com Jonas em Mt 12:40 – Como Jonas esteve 3 dias e 3 noites no ventre da baleia, assim estará o Filho do homem 3 dias e 3 noites no seio da terra.
Ressuscitando na madrugada de 16, Jesus esteve apenas 2 noites no túmulo.
Mas daqui a pouco já voltamos a esta questão.

O primeiro dos sábados
Que dia da semana era em que Jesus ressuscitou?
Tendo-se sempre considerado o sábado da festa como um sábado normal, deduziu-se sempre que Jesus ressuscitou na madrugada do dia de domingo, o primeiro dia da semana. Seria uma explicação válida se este sábado anual de festa coincidisse com um sábado semanal.
Só que, não é isto que diz a versão grega original destes versículos. Vou colocar o termo grego em substituição da palavra em português.
Mt 28:1 – E, no fim do SABBATON, quando já despontava o primeiro SABBATON, Maria Madalena e a outra Maria foram ver o sepulcro.
Mc 16:1-2 – E, passado o SABBATON, Maria … compraram aromas para irem ungi-lo. E, no primeiro SABBATON, foram ao sepulcro, de manhã cedo, ao nascer do sol.
Lc 24.1 – E, no primeiro SABBATON, muito de madrugada, foram elas ao sepulcro. E acharam a pedra revolvida…
Jo 20:1 – E no primeiro SABBATON, Maria Madalena foi ao sepulcro, de madrugada, sendo ainda escuro, e viu a pedra tirada do sepulcro.
Jo 20:19 – Chegada, pois, a tarde daquele dia, o primeiro SABBATON, e cerradas as portas onde os discípulos, com medo dos judeus, se tinham ajuntado, chegou Jesus …
Em todos estes versículos, a palavra no Grego SABBATON (do hebraico SABBATH) é traduzida por DIA DA SEMANA.
A palavra SABBATON ocorre mais de 60 vezes no Novo Testamento, e em todos os casos EXCETO aqui (e At 20:7, 1Cor 16:2 e Lc 18:12, mas que não comprometem esta interpretação), é traduzida SÁBADO, e tem sempre referência a um dia de Sábado (SABBATH).
Porquê logo aqui SABBATON é traduzido “dia da semana” e não “Sábado”?
A tradução literal do Grego nestes versículos é “o primeiro dos Sábados” (Young’s Literal Translation: Mt 28:1 - And on the eve of the sabbaths, at the dawn, toward the first of the sabbaths, came Mary the Magdalene, and the other Mary, to see the sepulcher.)
O que é o primeiro dos sábados?
Lv 23:10 – Quando houverdes entrado na terra que vos hei-de dar, e segardes a sua sega, então trareis um molho das primícias da vossa sega ao sacerdote. 11 – Ele moverá o molho perante o Senhor, para que sejais aceitos; ao seguinte dia do sábado o moverá o sacerdote. 15 – Depois para vós contareis desde o dia seguinte ao sábado, desde o dia em que trouxerdes o molho da oferta movida; sete sábados (a nossa tradução diz “semanas inteiras”) serão.
Explicando: O molho era movido no dia 16 de Abib, no dia a seguir ao sábado anual da festa da Páscoa. Depois, sete sábados (que correspondem a 7 semanas) eram contados e no dia seguinte ao 7º sábado, o 50º dia era a Festa das Semanas, Pentecostes. Para contar estes 7 sábados, começava-se a partir do “primeiro sábado”, não o sábado da festa, mas o primeiro sábado semanal depois do mover do molho de primícias.
Mt 28:1 – E, no fim do SABBATON, quando já despontava o primeiro SABATTON,…
Este versículo diz que o Sábado, o da festa da Páscoa, já tinha passado, e outro Sábado estava a amanhecer (o dia começa ao nascer do sol). Este novo dia era, agora sim, um Sábado semanal normal. Este dia de sábado normal começava ao nascer do sol do dia 16.
Portanto, Abib 16 era um sábado, iniciando-se o dia ao nascer do sol.
Jesus ressuscitou no limiar de um novo dia, que era um sábado, e não um domingo.
E o que reforça esta data é que, na madrugada desse dia, o sacerdote movia o molho das primícias. E que diz 1Cor 15:20?– Cristo ressuscitou dos mortos, e foi feito as primícias dos que dormem.

O sábado semanal anterior
Se Abib 16 era um sábado, o sábado semanal anterior seria Abib 9. Conseguimos provar que Abib 9 era um sábado?
Abib 9 foi o dia em que Jesus entrou triunfalmente em Jerusalém. Haveria dia melhor que um Sábado para Jesus mostrar que Ele era “Senhor do Sábado”?
Jesus previu que alguém iria perguntar aos discípulos porque soltavam o jumentinho (Lc 19.33; Mt21:3). Um jumento era um animal de carga, e também os animais tinham direito ao descanso no sábado (Ex 23.12; Dt 5:12-15).
Depois, no mesmo dia, Jesus foi ao templo onde expulsou os vendedores (Mt 21:12; Lc 19:45-47). Apenas Marcos situa o episódio do templo no dia seguinte.
O que fez Jesus no templo? Expulsou os que vendiam e compravam no templo. Coisas que eram proibidas ao sábado. Mc 11:16 - E não consentia que alguém levasse algum vaso pelo templo. Frase estranha, que parece não ter muito sentido no contexto, a não ser que se refira à proibição de transportar cargas pesadas no sábado. Outra coisa proibida no sábado.
Uma situação semelhante encontramos descrita em Neemias 13:15-22 relativamente ao Sábado.

Ao terceiro dia
Mas como interpretar a comparação com Jonas em Mt 12:40? – Como Jonas esteve 3 dias e 3 noites no ventre da baleia, assim estará o Filho do homem 3 dias e 3 noites no seio da terra.
Jesus falou várias vezes do seu sofrimento futuro (Mt 16:21; 17:22-23; 20:18-19; Mc 8:31; 9:31; 10:34; Lc 9:22; 24:21,46).
Mt 16:21 – Começou Jesus a mostrar aos seus discípulos, que convinha ir a Jerusalém, e padecer muito dos anciãos, e dos principais sacerdotes, e dos escribas, e ser morto, e ressuscitar ao terceiro dia.
Mt 20: 18-19 – Eis que vamos para Jerusalém, e o Filho do homem será entregue aos príncipes dos sacerdotes, e aos escribas, e condená-lo-ão à morte. E o entregarão aos gentios, para que dele escarneçam, e o açoitem e crucifiquem, e ao terceiro dia ressuscitará.
Não está aqui que Jesus ficasse sepultado na morte durante 3 dias e 3 noites, mas que a sua ressurreição seria no 3º dia de toda esta sequência de sofrimentos – ser entregue aos sacerdotes, aos gentios (Pilatos), ser condenado e escarnecido e crucificado, e morto. Isto começou na noite do dia 13 de Abib depois da ceia com a sua prisão e interrogação na casa do sumo-sacerdote de noite; no dia 14 de Abib perante Pilatos e a crucificação e sepultamento; esteve sepultado a noite de 14 e todo o sábado 15 de Abib, e ressuscitou na madrugada de 16 de Abib, ao nascer do sol (Mc 16:1), sendo ainda escuro (Jo 20:1). Foram 3 dias de calendário: 13, 14 e 15. Ao terceiro dia ressuscitou.
Quando olhamos para o esquema da Páscoa e Festa dos Pães Asmos, 16 de Abib, a madrugada do dia que Jesus ressuscitou, é o 3º dia. 14 de Abib foi o 1º dia, o dia da crucificação o 2º.
No próprio dia da ressurreição (Lc 24:13), os discípulos que iam a Emaús diziam - Lc 24:7 – sobre tudo isso, é hoje o terceiro dia desde que essas coisas aconteceram. Se esse dia era o 3º dia, Abib 15 era o 2º dia, e Abib 14 o 1º dia, e Abib 13 o dia em que tudo começou.

Abib 8
9
10
11
12
13
14
15
16
dia


















Ceia em Betânia
Entrada triunfal








Ceia
Preparação (parasceve)
Páscoa


Molho das primícias



Expulsão dos vendedores no templo








Jesus preso
Jesus perante Pilatos
Jesus crucificado
Sábado da festa
Repouso

3º dia festa pães asmos

















túmulo vazio


SÁBADO
domingo
2ª feira
SÁBADO

Contrariamente à tradição, penso poder concluir que Abib 16 – em cuja madrugada Jesus ressuscitou - não era um Domingo. Era na realidade o despontar de um Sábado. Era o “primeiro sábado” que iniciava a contagem de sete sábados para a Festa de Pentecostes. E era o dia em que o sacerdote movia o molho das primícias perante o Senhor.