21/04/2014

40 ANOS NO DESERTO (ano 2)

Segundo ano (ano 2514 AH) – 1º mês

No primeiro mês do segundo ano, no primeiro dia do mês levantou-se o tabernáculo; e Arão e os filhos são ungidos para o ofício (Ex 40).
No dia em que Moisés acabou de levantar o tabernáculo, e durante 12 dias seguidos, os príncipes das tribos de Israel, que haviam presidido ao censo, trouxeram as suas ofertas perante o Senhor (Num 7). Depois, a glória do Senhor apareceu a todo o povo e saiu fogo de diante do Senhor e consumiu o holocausto.

Arão e seus filhos, durante os 7 dias que durava a sua consagração, não podiam sair da porta da tenda (Lev 9:33-36). Ao 8º dia foram chamados e cumpriram vários holocaustos como lhes tinha sido ordenado (Lev 9).
Parece ter sido nessa ocasião (não há qualquer interrupção na narrativa) que Nadabe e Abiú ofereceram fogo estranho (Lev 10:1-5) e morreram, por não terem agido de acordo com a lei. Além disso, Moisés indignou-se contra Eleazar e Itamar por não terem comido a oferta pelo pecado no lugar santo, como devia de ser (Lev 10:16-20), ao que Arão respondeu (ver Lev 10:19) com uma justificação, que foi aceite.

Dia 14 – celebração da Páscoa no deserto do Sinai (Num 9), um ano depois da Páscoa celebrada ainda no Egipto.

Segundo ano – 2º mês

Dia 1 – Deus fala a Moisés para levantar o censo à congregação, contando os homens da idade de 20 anos para cima, todos os capazes de sair à guerra. Ajuntaram a congregação, aparentemente no mesmo dia (Num 1:18). Foram contados 603.550, menos os da tribo de Levi, que não foram contados no censo.

A ordem em que são apresentados os números de cada tribo (Num 1) é a mesma ordem segundo a qual as tribos foram organizadas no arraial em volta do tabernáculo e os príncipes ofereceram a sua oferta (Num 7). A única diferença é que o censo inicia-se com Ruben (e as tribos do seu grupo), a ordem do arraial com Judá. O censo deve ter sido feito depois da organização do arraial. A ordem do arraial foi definida e executada com vista à retoma da viagem que sucederia no dia 20 do 2º mês, logo a seguir à segunda Páscoa.
Ordem do censo:

Ruben - Simeão - Gade / Judá - Issacar - Zebulon / Efraim - Manassés - Benjamin / Dã - Aser - Naftali

Ordem das tribos no arraial (fora os levitas que se acampam imediatamente ao redor do tabernáculo):

 
Aser
Naftali
 
Benjamin
 
 
 
Judá
Manassés
 
Tabernáculo
 
Issacar
Efraim
 
 
 
Zebulon
 
Gade
Simeão
Ruben
 


Dia 14 – Há uma segunda celebração da Páscoa para alguns que se achavam imundos no mês anterior (Num 9). Neste grupo incluíam-se Misael e Elzafã, que tinham sido chamados por Moisés para retirem os corpos de Nadabe e Abiú para fora do arraial (Lev 10:4-5).

Dia 20Israel pôs-se em marcha pela primeira vez depois de terem chegado ao Sinai, onde permaneceram quase um ano (Num 10:11-13). “Tempo bastante haveis estado neste monte”, recorda Moisés no final do 40º ano no deserto (Dt 1:3,6). O objetivo era o deserto de Parã (Num 10:12), de onde entrariam na terra prometida (Dt 1:6-8).

Num 10:12 – Os filhos de Israel puseram-se em marcha do deserto de Sinai, jornada após jornada; e a nuvem repousou no deserto de Parã (Num 12:16).

Dia 22 – Desde o Sinai fizeram caminho de 3 dias até ao próximo lugar de descanso (Num 10:33), que é Quibrote-Taavá, primeiro acampamento depois de terem partido do monte do Senhor no deserto do Sinai (Num 33:16).
Ainda antes de chegar a Quibrote-Taavá, queixou-se o povo da sua sorte aos ouvidos do Senhor; ouvindo-o o Senhor, acendeu-se-lhe a ira, e o fogo do Senhor ardeu entre eles, e consumiu extremidades do arraial… o lugar chamou-se Taberá (Num 11:1-3).

O povo veio a ter desejo por carne e queixa-se do maná (Num 11:4-9). Nesta altura, Moisés sente-se sobrecarregado, não conseguindo sozinho levar o povo (Num11:10-30; Dt 1:9-18).

Em Quibrote-Taavá, um vento trouxe codornizes, que provocaram uma praga.

Segundo ano – 3º mês
Comeram carne durante um mês inteiro (Num 11:19-20). Por isso, pelo menos um mês ficaram em Quibrote-Taavá. Ussher fala em 23 dias (??). (Não consegui entender porquê). (Ussher, p.46, § 234)

Por volta do dia 23, saem de Quibrote-Taavá para Hazerote.

Segundo ano – 4º mês
Em Hazerote, Miriam e Arão falam contra Moisés. Miriam ficou 7 dias fora do arraial, e no 8º dia partiram de Hazerote e acamparam-se no deserto de Parã, em Cades-Barneia. Não sabemos quando chegaram a Hazerote e quantos dias lá ficaram (Num12:16;13:26). Era o erguer da nuvem que indicava a partida. Mas se a nuvem se detinha sobre o tabernáculo por dois dias, ou um mês, ou por mais tempo, enquanto pairava sobre ele, os filhos de Israel permaneciam acampados, e não se punham em marcha; mas, erguendo-se ela, partiam (Num 9:22).

Partiram de Hazerote e acamparam no deserto de Parã, a Cades-Barneia (Num12:16 Dt 1:11).
No tempo de Abraão, Cades chamava-se En-Mispate (Gn 14:7). Ficava na fronteira sudeste da Palestina, e na fronteira de Edom (Num 20:16), no deserto de Parã, ou Zim, sendo que os dois nomes são utilizados para indicar o mesmo lugar (Num 13:3, 21, 26; 20:1; 33:36).

Segundo ano – 5º mês
Do deserto de Parã - Cades-Barneia - Moisés envia espias a Canaã. Eram os dias das primícias das uvas (Num13:20). Segundo Jamieson, Fausset & Brown, e Ussher, seria julho/agosto (mês de Av, o 5º mês).

Segundo ano – 6º mês
Os espias voltaram depois de 40 dias.

Trouxeram um cacho de uvas pendurado num ramo de vide, e figos e romãs. Segundo Ussher, é provável que isto tenha sido antes do 7º mês, antes da festa dos tabernáculos, que era celebrada no dia 15 do 7º mês quando a colheita era terminada (Ex 23:16;Lev 23:39; Dt 16:13).
Dez dos doze homens que foram enviados infamaram a terra, incitando com isso todo o povo. Os espias que infamaram a terra morreram de praga (Num 14:36-37).

Deus declarou que todos os que foram contados no censo, de 20 anos para cima, não entrariam na terra prometida, e que morreriam no deserto. – Vossos filhos serão pastores neste deserto 40 anos (Num 14:33).
Apenas Josué e Calebe acreditaram que Deus lhes daria a vitória e receberam a promessa de que possuiriam a terra. Nessa altura, Calebe tinha 40 anos (Js 14:7).

Ora os amalequitas e os cananeus habitam no vale; mudai amanhã de rumo e caminhai para o deserto pelo caminho do Mar Vermelho (Num 14:25).
Aparentemente ainda ficaram muitos dias em Cades (Dt 1:46). Depois seguiram para o deserto, caminho do Mar Vermelho, isto é, em direção ao sul. E muitos dias rodearam a montanha de Seir (Dt 2:1).

Números 33:18-36 elenca os vários acampamentos onde Israel esteve ao longo de 38 anos, desde Hazerote até regressar a Cades (v.36) no 1º mês do 40º ano, quando morre Miriam (Num 20:1), e onde se dá o início das últimas jornadas antes da entrada na terra de Canaã:
Hazerote – Ritmá – Rimom-Perez – Libna – Rissa – Queelata – monte Sefer – Harada – Maquelote – Taate – Tara – Mitca – Hasmona – Moserote – Bene-Jaacã – Hor-Gidgade – Jotbata – Abrona – Eziom-Geber – deserto de Zin, que é Cades (Num 33:18-36).

Estranhei que, a seguir a Hazerote, Cades não é mencionado (Num 33:18), mas Ritmá.
Avaliei outra hipótese: Seria possível que todos os acampamentos acima referidos façam parte da primeira jornada do Sinai até Cades, de onde foram enviados os espias?

No entanto, a hipótese de o v.36 se referir ao primeiro acampamento em Cades (quando os espias foram enviados), revela-se impossível. Há 18 acampamentos entre Hazerote (v.18) e Cades (v.36), mas a jornada do monte Horebe a Cades era de apenas 11 dias (Dt 1:2). Fizeram 3 dias de caminho de Horebe a Quibrote-Taavá. Isto significa que de Quibrote-Taavá, passando por Hazerote, até Cades, não teriam mais de 8 dias de caminho. O relato em Num 10 e 11 e Dt 1:1-8, 19 não dão a entender que Israel teria feito um desvio tão grande para chegar a Cades. Parece evidente que todos os acampamentos de Rimom-Perez a Eziom-Geber pertencem ao período de 38 anos quando Israel foi ordenado regressar ao deserto pelo caminho do Mar Vermelho. Ezion-Geber é um porto, junto à atual Eilat, na margem do Mar Vermelho, na terra de Edom (1Rs 9:26).
Easton’s Bible Dictionary apresenta Ritmá como o lugar do acampamento de Israel perto de Cades.

Se o êxodo do Egipto e o primeiro ano e meio no deserto estão descritos em pormenor, certas partes até são relatadas dia por dia, dos 38 anos no deserto apenas ficaram registados alguns episódios (a rebelião de Coré, a vara de Arão floresce), até que a história retoma no 40º ano, com o regresso a Cades e a morte de Miriam (Num 20:1).

1 comentário:

  1. Deut.2:14 diz: "E os dias que caminhamos, desde Cades-Barneia até passarmos o ribeiro de Zerede, foram trinta e oito anos, até que toda aquela geração dos homens de guerra se consumiu do meio do arraial, como o Senhor lhes jurara".
    Sua contagem dos 38 anos: "Parece evidente que todos os acampamentos de Rimom-Perez a Eziom-Geber pertencem ao período de 38 anos". Há alguma incoerência?

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