06/09/2014

A BATALHA DE JERICÓ (1)

As descobertas arqueológicas (nomeadamente, de John Garstang entre 1930-36 e de Kathleen Kenyon na década de 1950) apoiam em todos os detalhes a precisão histórica do relato bíblico no livro de Josué (ver Wood, 1990).

Há claras evidências de uma destruição violenta da cidade.
Os arqueólogos encontraram muros que colapsaram para o lado de fora. Os muros não foram derrubados de fora para dentro - o que teria sido o caso se tivessem sido derrubados pelos invasores – os israelitas -, mas os muros ruíram para fora (Jos 6:20). Assim, criaram uma rampa de tijolos que permitiram aos israelitas subirem à cidade, cada qual em frente de si (Jos 6:20).

As descobertas de Kathleen Kenyon provam que os muros de Jericó efetivamente ruíram.  Além disso, ela descreve que a cidade foi também queimada, e isto depois de terem ruído os muros, exatamente como a Bíblia relata (Jos 6:24):

«The destruction was complete. Walls and floors were blackened or reddened by fire, and every room was filled with fallen bricks, timbers, and household utensils; in most rooms the fallen debris was heavily burnt, but the collapse of the walls of the eastern rooms seems to have taken place before they were affected by the fire» (citado por Wood, 1990).

A queda do muro da cidade pode bem ter sido resultado de um tremor de terra. Há amplas evidências de atividade sísmica naquela região e época. Jericó é localizado no vale do Jordão, uma região instável onde tremores de terra são frequentes.

Além de cerâmica, o item que foi encontrado em maior quantidade nas escavações foi cereal. Garstang e Kenyon encontraram grandes quantidades de cereais armazenados nas casas. O que é um caso excecional na arqueologia da Palestina. Que conclusões tirar desta ampla presença de cereal?
A presença destas quantidades de cereais na cidade destruída é consistente com o relato bíblico. Demonstra que a cidade não caiu em consequência de um cerco de longa duração. Foram apenas sete dias de acordo com a Bíblia.  Cereais eram um bem precioso na antiguidade. A colheita de um ano tinha que durar até à próxima ceifa. Normalmente, os cereais seriam pilhados pelos conquistadores. Aqui, porém, a grande quantidade de grãos encontrados nas ruinas é consistente com o mandamento de Deus de que nada na cidade podia ser tomado, a não ser metais preciosos para o tesouro da casa do Senhor (Jos 6:24). Os israelitas foram proibidos de saquearem a cidade, o que explicaria a presença do cereal.

A quantidade de cereais encontrada indica também que tinha sido recentemente colhido. De facto, estava-se na época da ceifa quando os israelitas passaram o Jordão (Jos 3:15 – o Jordão transbordava sobre todas as suas ribanceiras, todos os dias da sega).
Um outro aspeto que comprova a veracidade da história bíblica tem a ver com a localização estratégica do local. A partir de Jericó há acesso ao coração de Canaã. Qualquer força militar tentando penetrar na região montanhosa central desde o oriente teria, necessariamente, de tomar primeiro Jericó. O que Josué e os Israelitas fizeram.

Tudo isto parece não deixar dúvidas quanto à veracidade histórica da batalha de Jericó. A arqueologia comprova o relato bíblico.
No entanto, a datação tem constituído, e permanece para muitos, um problema, tanto no meio cristão tradicional como no meio académico. A cronologia bíblica está mais uma vez em conflito com a cronologia correntemente aceite. O problema é o mesmo que já abordámos em mensagens anteriores em relação à data do êxodo.

Continuação na próxima mensagem.


Bibliografia
Bryant G. Wood. (1990). Did the Israelites Conquer Jericho? A New Look at the Archaeological Evidence. Biblical Archaeology Review, Vol. XVI, No. 2, March/April 1990, pp. 44-58. Acedido em 11-07-2014  http://www.biblearchaeology.org/post/2008/05/01/Did-the-Israelites-Conquer-Jericho-A-New-Look-at-the-Archaeological-Evidence.aspx

 

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