11/03/2015

ACAZIAS- JOÁS

Na figura de Acazias, filho de Jeorão e neto de Josafá, encontramos nova incongruência:

2Rs 8:26 – Era Acazias de 22 anos de idade quando começou a reinar, e reinou 1 ano em Jerusalém; e era o nome de sua mãe Atalia, filha de Onri, rei de Israel

2Cr 22.2 – Era [Acazias] da idade de 42 anos quando começou a reinar e reinou 1 ano em Jerusalém.

(atenção que nem todas as versões dizem 42 anos em 2Cr22:2, optando por usar 22 anos em ambos os versículos)

Acazias tinha 22, e não 42 anos quando começou a reinar. Jeorão, pai dele, tinha 32 quando começou a reinar; reinou 8 anos; tinha portanto 40 quando morreu. Dificilmente teria um filho mais velho que ele.

Mas, então, qual a razão do número 42 dado em 2Cr 22:2?

Alguns tomam isto por um erro de escriba.

Na realidade, o texto hebraico não dá os anos em números, mas “vinte e dois” e “quarenta e dois” estão escritos por extenso, sendo as palavras bastante diferentes:
Quarenta e dois:  arba’iym shenayim
Vinte de dois: shenayim esriym

A solução é semelhante ao caso de Asa-Baasa que analisámos numa mensagem anterior.

Acazias, rei de Judá, não era apenas filho da dinastia de David, mas também da dinastia de Onri. A sua mãe era Atalia, filha de Onri, rei de Israel. Na verdade, filha de Acabe e Jezabel. Josafá aparentara-se com Acabe através do casamento do seu filho Jeorão (2Cr 18:1; 21:6).Os 42 anos de Acazias levam-nos ao início do reinado de Onri.

2Cr 22:3-4 – Sua mãe [de Acazias], filha de Onri, chamava-se Atalia. Ele também andou no caminho da casa de Acabe; porque sua mãe era quem o aconselhava a proceder iniquamente.

É curioso que o nome de Acazias não consta da genealogia oficial de Jesus Cristo em Mateus 1:8, onde está escrito: Asa gerou a Josafá; Josafá, a Jorão; Jorão, a Uzias. Em Mateus, não aparece Acazias, muito menos Atalia, nem Joás, nem Amazias, filho de Joás, devido ao seu parentesco com Acabe e Jezabel, e a filha deles, Atalia. Acazias e seus descendentes não eram apenas da casa de David, mas também da de Onri.

No caso de Joás, lemos em 2Cr 24:17-18 que – Depois da morte de Joiada [o sacerdote] … deixaram a casa do Senhor, Deus de seus pais, e serviram aos postes-ídolos; e, por esta culpa, veio grande ira sobre Judá e Jerusalém.

E no caso de Amazias: 2Cr 25:14-15 – vindo Amazias da matança dos edomitas, trouxe consigo os deuses dos filhos de Seir, tomou-os por seus deuses, adorou-os e lhes queimou incenso.

Nolen Jones (p.140) faz a ligação com Ex 20:5, onde está escrito que Deus visita a iniquidade dos pais nos filhos até à terceira e quarta geração daqueles que o aborrecem. Três gerações foram omissas no registo, “limpando” assim a linhagem messiânica de modo que pode ser dito que o Messias é filho de David, e de mais ninguém.

Além disso, Nolen Jones observou que os nomes dos sumos-sacerdotes que oficiaram nesse tempo também não se encontram no registo sacerdotal oficial (1Cr 6:1-15), apesar de até terem sido bons sacerdotes (2Cr 24:16), embora no caso de Joiada possam apontar-se vários erros na sua atuação. Zacarias, filho de Joiada, foi morto por Joás (2Cr 24:20-22). Estes nomes faltam no v.11 entre Amarias, sacerdote no tempo de Josafá (2Cr 19:11) e Aitube.

08/03/2015

ZERA O ETÍOPE

No 15º ano de Asa, Zera o etíope saiu contra Judá com um exército de um milhão de homens e trezentos carros, e chegou até Maressa. Asa saiu contra ele e ordenou a batalha no vale de Zefatá, perto de Maressa. Asa buscou ao Senhor, e o Senhor feriu os etíopes diante de Asa e diante de Judá, e eles fugiram. Asa e o povo que estava com ele os perseguiram até Gerar, e caíram os etíopes sem restar nem um sequer; porque foram destroçados diante do Senhor e diante do seu exército, e levaram dali mui grande despojo. Feriram as cidades em volta de Gerar e saquearam-nas, e voltaram para Jerusalém (2Cr 14:9-15).

Quem era Zera o etíope?

Segundo Velikovsky, e de acordo com o esquema cronológico que defende, Zerá, que conduziu um exército de etíopes e líbios contra Judá (2Cr 16:8), não é outro que o faraó Amenotepe II do Egipto, sucessor de Tutmés III, que já conhecemos como Sisaque no tempo de Roboão. É possível que houvesse sangue etíope na 18ª dinastia; que a mulher de Tutmés III fosse etíope. Ou era Amenotepe um etíope no trono do Egipto?

A morte de Tutmés III, que teve um reino longo e próspero, foi um sinal para os povos subjugados pelo Egipto insurgirem-se. O facto de Asa ter abolido os altares de deuses estranhos pode ser visto como uma insurreição contra o poder egípcio, bem como cercar as cidades de muros e torres e levantar um grande exército (2Cr 14:3,6-8). Lembremos que com a invasão de Sisaque (Tutmés III) em Judá e Jerusalém, Judá ficou vassalo do Egipto. Israel já o era, tendo Jeroboão tido o apoio do Egipto para juntar a ele as outras tribos.

Amenotepe II marchou com um grande exército para reprimir a rebelião na Síria e em Israel (Retenu). A sua primeira campanha, contra Edom e Ugarit, foi vitoriosa. No seu 9º ano, repetiu a expedição contra Israel. A única batalha foi travada num local designado «y-r’-s-t». De acordo com os anais de Amenotepe II, ele alcançou este lugar um dia depois que o seu exército deixou a fronteira egípcia. O lugar da batalha só pode ter sido no sul de Israel. Amenotepe disse-se vitorioso, porém visto o despojo ser insignificante, foi na verdade uma derrota. Não é de admirar: os monarcas egípcios nunca retratavam os seus fracassos. Se a campanha tivesse sido vitoriosa, não teriam voltado imediatamente para trás. 2 Crónicas mostra que a batalha foi vitoriosa para Judá. E com a insucesso do exército egípcio no sul de Judá, toda a região de Israel e Síria foi libertada do domínio egípcio.