01/11/2015

Cronologia 7 semanas (3) – o templo reconstruído

No primeiro ano da sua chegada a Jerusalém (ano 3468AH, que é também o primeiro ano dos 49 anos que são as primeiras 7 semanas da profecia de Daniel), no 7º mês, edificaram o altar (Ed 3:3), e começaram a oferecer holocaustos, mas ainda não estavam postos os fundamentos do templo (Ed 3:6). Pagaram então aos pedreiros e aos carpinteiros, e também aos sidónios e tírios para trazerem madeira do Líbano, por mar, segundo a permissão dada por Ciro (Ed 3:7).

3469 AH – o segundo ano do regresso (= 3º ano de Ciro)
No princípio do ano (1º mês), foi revelado a Daniel uma palavra que envolvia grande conflito. Daniel entendeu a palavra, e pranteou durante três semanas (Dn 10:1-3), até que no dia 24 do 1º mês, Daniel teve uma visão quando estava à borda do rio Tigre. Durante estes 21 dias, o anjo que falou a Daniel lutou contra o príncipe do reino da Pérsia, que lhe resistiu e, ajudado por Miguel, obteve a vitória sobre os reis da Pérsia (Dn 10:13).
Será que o conflito estava relacionado com a oposição que estava a formar-se contra a edificação do templo?

Daniel vê um homem vestido de linho. Este “homem”, claramente Jeová, está sobre o rio tal como estava sobre o rio Quebar na visão de Ezequiel 1. O significado em Ezequiel era que Deus tinha deixado o seu templo (Ez 8-10) e estava com o seu povo no exílio. O significado da visão em Daniel 10-12 (3º ano de Ciro) é que Deus continuava no exílio e não tinha voltado ao seu templo, que ainda não estava reconstruído. Mas Ele está sobre as águas, como o Espírito em Génesis 1, a preparar uma nova criação (Jordan, J. - Esther: Historical & Chronological comments (IV), Biblical Chronology, nº 6, 1996)

Desde o 7º mês do ano anterior, tinha começado a preparação dos materiais para a construção.
No segundo ano da sua vinda à casa de Deus em Jerusalém, no segundo mês, começaram a obra do templo e constituíram levitas para a superintender (Ed 3:8-9). Mas, rapidamente, quando os adversários de Judá ouviram que os que voltaram do cativeiro edificavam o templo, chegaram-se a Zorobabel dizendo que queriam edificar com eles. Zorobabel recusou. Então as gentes da terra desanimaram o povo de Judá, inquietando-o no edificar e alugaram contra eles conselheiros para frustrarem o seu plano (Ed 4:1-4). A oposição começou logo nos dias de Ciro, e continuou até ao reinado de Dario, rei da Pérsia (Ed 4:5).
A obra da casa de Deus cessou até ao 2º ano de Dario, rei da Pérsia (Ed 4:24). Naquele ano, Ageu e Zacarias começam a profetizar e só nesse ano são lançados os fundamentos do templo (Ag 2:18).
Portanto, Esdras 3:10-13 está fora da ordem cronológica da narrativa. Numa primeira leitura do v.10 (quando os edificadores lançaram os alicerces do templo …), parece que os alicerces da casa foram lançados pouco tempo depois do começo dos preparativos, ainda no segundo ano do regresso dos judeus a Jerusalém (Ed 3:8-10). Contudo, o lançamento dos alicerces do templo ocorre muitos anos mais tarde. Em Ageu encontramos a data do lançamento dos alicerces: no segundo ano do rei Dario, no 24º dia do 9º mês (Ageu 2:10, 18).
Esdras 4:6-22 fala de acusações e cartas.
A primeira acusação contra os habitantes de Judá e de Jerusalém foi no princípio do reinado de “Assuero” (Ed 4:6).
Este Assuero pode ser Ciro ou Cambises, que reinou depois de Ciro. Mas, provavelmente, trata-se de Ciro, porque não houve qualquer reação à acusação escrita. Foi Ciro que deu a ordem de regresso e a autorização para construir o templo.
Lembremos brevemente a questão dos nomes dos reis persas (ver mensagem: Quem é o Artaxerxes de Esdras e Neemias?). Os nomes Dario, Xerxes, Assuero ou Artaxerxes não são nomes pessoais, mas nomes de trono, títulos. Os reis persas costumavam usar mais do que um nome ou título; documentos arqueológicos da época confirmam isto. Visto que os judeus viviam então na proximidade da cultura persa dominante, era natural que usassem estes nomes de trono da maneira como os persas faziam. Além disso, os nomes que são hoje universalmente usados são os nomes que os historiadores gregos, como Heródoto, deram aos vários monarcas persas e que não são mais do que corruptelas gregas de palavras persas. Assim sendo, os nomes Dario, Xerxes, Assuero e Artaxerxes podem referir-se a qualquer um deles. A fim de descobrir quem é quem, é necessário recorrer ao contexto do texto bíblico.
Segundo a história, Ciro reinou 9 anos (de 538 a 530 a.C.). Depois dele, Cambises reinou 8 anos (529 a 522). Entre Cambises e Dario I, um certo Smerdis/Gaumata usurpou o poder, durante apenas 7 meses, até que Dario o conseguiu derrotar em 522. Dario I, Histaspes, reinou 36 anos (521 a 486 a.C.).
Duas cartas são mencionadas nos dias de “Artaxerxes”, uma escrita por Bislão, Mitredate e Tabeel, escrita em caracteres aramaicos e na língua siríaca (Ed 4:7) e a segunda por Reum e Sinsai (Ed 4:8-16). A segunda carta mereceu uma resposta por parte do rei. Este Artaxerxes poderá ser Cambises, a não ser que Ciro tivesse voltado com a sua palavra atrás, proibindo que se edifique a cidade, o que é pouco provável porque “a lei dos medos e dos persas não se pode revogar”(Dn 6:8) e por causa do que foi profetizado por Isaías (Is 45:13). Alguns entendem que se trata de Ciro, por aquilo que Reum escreve: os judeus que subiram de ti vieram a nós a Jerusalém (v.12). Também é possível que se trate de Dario, no princípio do seu reino.
Na resposta à carta de Reum e Sinsai, o rei dá ordem a fim de que os judeus parem o trabalho e não edifiquem mais a cidade a não ser com autorização dele (Ed 4:17-22).
O que podemos deduzir com certeza é que os judeus cessaram a edificação da casa de Deus logo no início, mas a construção da cidade, dos muros e das casas entretanto prosseguiu (Ed 4:12, 24; 5:3; Ag 1:4).
… …

3485 AH - o segundo ano de Dario, rei da Pérsia

Nota: 
As datas a partir do segundo ano de Dario foram revistas em razão de uma questão cronológica relativa ao reinado deste rei de que não me apercebi, e que necessita de ser esclarecida, embora em nada altere fundamentalmente a cronologia e narrativa da história destas 7 semanas como apresentadas nesta e nas mensagens a seguir.

A nova cronologia revista, e a explicação desta revisão, encontra-se na mensagem CRONOLOGIA DE ESDRAS-NEEMIAS (revisto) de agosto 2016.

Uma série de eventos ocorrem neste ano.
No 6º mês, no primeiro dia do mês, Deus falou a Zorobabel, governador de Judá e a Josué, o sumo-sacerdote, através do profeta Ageu. Acaso é tempo de habitardes vós em casas apaineladas, enquanto esta casa permanece em ruínas (Ag 1:4)? Apesar da proibição de edificar a cidade (Ed 4:21), percebe-se que os judeus tinham continuado a construir as suas casas, enquanto a obra do templo estava parada. O Senhor despertou o espírito de Zorobabel e de Josué, filho de Jozadaque (chamado Jesua no livro de Esdras e Neemias; e a não confundir com Jesua o levita) e de todo o povo; eles encheram-se de ousadia e puseram-se ao trabalho na casa do Senhor no dia 24 desse mesmo mês (Ag 1:14-15; Ed 5:1-2).
No 7º mês, no dia 21, veio novamente a palavra do Senhor a Ageu (Ag 2:1-9), dizendo: Quem há entre vós que, tendo edificado, viu esta casa na sua primeira glória? E como a vedes agora? Não é ela como coisa de nada aos vossos olhos? Deus veio encorajar o povo na construção que tinham iniciado há menos de um mês antes: O meu Espírito habita no meio de vós; não temais.
No 8º mês, veio a palavra do Senhor ao profeta Zacarias (Zc 1:1-6) com uma advertência.
No 9º mês, no dia 24 do mês, a palavra de Deus veio novamente a Ageu. Foi naquele dia que foram postos os fundamentos do templo: Considerai, eu vos rogo, desde este dia em diante, desde o 24º dia do mês nono, desde o dia em que se fundou o templo do Senhor (Ag 2:18). Quando os edificadores lançaram os alicerces do templo do Senhor, apresentaram-se os sacerdotes, e os levitas, com trombetas e címbalos para louvarem ao Senhor. Cantavam e rendiam graças por se terem lançado os alicerces da sua casa. Porém, muitos que viram a primeira casa choraram em alta voz, mas outros gritaram com alegria, de maneira que não se podiam discernir as vozes de alegria e as vozes de choro (Ed 3:10-13). 

É nessa época que Tatenai, o governador daquém do Eufrates, começou a ficar preocupado e foi perguntar aos judeus: Quem vos deu ordem para reedificardes esta casa e restaurardes este muro? (Ed 5:3-4). O muro, neste caso, é o muro do templo e não da cidade.
Os judeus explicaram a Tatenai que quem lhes deu a ordem foi Ciro, no primeiro ano do seu reinado, e que dissera a Sesbazar (que é outro nome para Zorobabel): faze reedificar a casa de Deus no seu lugar (Ed 5:13-15). O que Tatenai escreve (v.16) mostra que a carta foi escrita depois de os alicerces já terem sido lançados: Então veio o dito Sesbazar, e lançou os fundamentos da casa de Deus, a qual está em Jerusalém; e daí para cá se está edificando, e ainda não está acabada. Os olhos de Deus estavam sobre os judeus e estes não foram obrigados a parar até que viesse resposta de Dario (Ed 5:3-5) à carta de Tatenai (Ed 5:5).
O rei Dario mandou fazer uma busca nos arquivos reais em Babilónia. Mas foi na fortaleza de Acmeta na província da Média que se encontrou um rolo com um memorial que dizia que Ciro (por Daniel chamado Dario o medo) baixou um decreto no seu primeiro ano para edificar a casa de Deus em Jerusalém. E Dario respondeu a Tatenai (Ed 6:1-12), ordenando: Não interrompais a obra desta casa de Deus, para que o governador dos judeus e os seus anciãos reedifiquem a casa de Deus no seu lugar (v.7).
É aqui que podemos compreender a visão de Zacarias, ainda no 2º ano de Dario, no 11º mês, aos 24 dias do mês (Zc 1:1-17): a visão do homem montado num cavalo vermelho, parado entre as murteiras. Este homem é o Anjo do Senhor, uma revelação pré-encarnada de Jesus Cristo. A sua aparição manifesta a sua presença com o povo da aliança na sua batalha histórica. Os outros cavalos são o seu exército celestial. Percorreram a terra e viram que toda a terra estava agora repousada e tranquila. A obra do templo podia ser concluída sem mais oposição. 

3487 AH- 3º ano de Dario/Assuero

O rei Assuero, que é Dario, na cidadela de Susã, dá um banquete a todos os seus príncipes e seus servos, no qual se representou o escol da Pérsia e da Média. Recusando a rainha Vasti obedecer à ordem do rei, foi deposta (Es 1).

3487 AH – 4º ano de Dario
Defini a data de 3487 AH para o 4º ano de Dario. A explicação para esta data está em Zacarias 7:1-5.
No 4º ano do rei Dario, no dia 4 do 9º mês, vieram Sarezen e Régen-Meleque, homens enviados aos sacerdotes e aos profetas em Jerusalém com a seguinte pergunta: Continuaremos nós a chorar, com jejum, no 5º mês, como temos feito por tantos anos (Zc 7:1-3)? A preocupação era se ainda precisavam de continuar a chorar e jejuar, agora que os fundamentos do templo já tinham sido colocados.
Responde o Senhor através de Zacarias: Quando jejuastes e pranteastes, no quinto e no sétimo mês, durante estes 70 anos, acaso foi para mim que jejuastes (Zc 7:4-5)? A resposta de Zacarias inclui uma informação cronológica: já jejuaram durante 70 anos.
O jejum do 5º mês rememorava a destruição de Jerusalém por Nabucodonosor, o do 7º mês a morte de Gedalias, que fora nomeado governador sobre os que permaneciam em Judá. A data destes acontecimentos já foi definida como 3417. O primeiro jejum do 5º mês foi então em 3418. Em 3487 terá ocorrido o 70º jejum. A pergunta é feita no 9º mês, portanto ainda neste ano de 3487, que é então o 4º ano de Dario.
Esta informação, acrescida de outra referência a 70 anos (Zc1:12) permite-nos calcular a data do 2º ano de Dario, ano em que se lançaram os fundamentos da casa de Deus.
Na visão do dia 24 do 11º mês do 2º ano de Dario, o anjo do Senhor faz uma pergunta: Ó Senhor dos Exércitos, até quando não terás compaixão de Jerusalém e das cidades de Judá, contra as quais estás indignado faz já 70 anos (Zc 1:12)?
Se 3487 AH corresponde ao 4º ano de Dario, então 3485 é o 2º ano de Dario. A destruição de Jerusalém ocorreu no 11º ano de Zedequias. No 9º ano de Zedequias, no 10º mês tinha começado o cerco à cidade. Este é outro período de 70 anos.
Vemos assim que há vários períodos de 70 anos: 1) do 3º ano de Jeoaquim com o desterro dos primeiros judeus ao decreto de Ciro, autorizando o regresso dos exilados; 2) do início do cerco a Jerusalém ao 2º ano de Dario, quando são lançados os fundamentos do templo; 3) da destruição de Jerusalém ao 4º ano de Dario.

3489 AH – 6º ano de Dario

Será por volta do 10º mês que Ester foi levada à casa do rei Assuero/Dario, onde havia de ser cuidada por 12 meses (Es 2:12), para cumprir os dias do seu embelezamento, antes de ser levada ao rei.

Assim os judeus edificaram a casa e a terminaram no sexto ano de Dario (23 anos depois do regresso), no terceiro dia do mês de Adar, que é o 12º mês.

3490 AH – 7º ano de Dario
Celebraram a dedicação da casa (Ed 6:16-18), que deve ter tido lugar no mês seguinte, que é o 1º mês (Abib) do ano seguinte, à semelhança do que disse Deus a Moisés relativamente ao tabernáculo: No primeiro dia do primeiro mês levantarás o tabernáculo da tenda da congregação (Ex 40:2). E também celebraram a Páscoa e a Festa dos Pães Asmos (Ed 6:19-22).
Durante todo este tempo, Zorobabel era governador. Foi ele que lançou os alicerces e acabou a casa (Zc 5:9).

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