Em 5-4-2014 publiquei uma mensagem sobre este assunto, em que
apresentei a teoria de Floyd Nolen Jones relativamente ao tempo que passou
desde a primeira até à última das pragas do Egipto. Floyd Nolen Jones (p.70)
apresenta um quadro com a cronologia das pragas e demonstra uma duração de 40
dias contados a partir da primeira “praga” (a vara que se tornou em serpente)
até a noite da morte dos primogénitos.
Após uma nova análise dos capítulos de Êxodo 7 a 12, defendo
uma tese um pouco diferente.
Segundo a leitura que faço da narrativa bíblica, o tempo que
passou desde que Moisés e Aarão foram falar a Faraó pela primeira vez (Ex
5:1-5) até à noite da morte dos primogénitos é de 28 dias, ou seja de uma “lua”, um mês lunar.
Analisemos novamente a história, dia a dia, no livro do
Êxodo:
Dia 1 – Moisés e Aarão vão falar com Faraó pela primeira vez
(5:1-5). Naquele mesmo dia (5:6), Faraó deu ordem para que daqui em
diante não mais se desse palha aos israelitas para fazerem os tijolos, como
ontem e anteontem.
Esta ordem foi implementada logo no mesmo dia porque no dia
seguinte,
Dia 2 – Os filhos de Israel foram açoitados, dizendo-lhes os
capatazes de Faraó: Por que não acabastes vossa tarefa ontem e hoje (5:14),
fazendo tijolos como antes? Por isso, os oficiais dos filhos de Israel foram
clamar a Faráo, que não lhes deu ouvidos e encontraram-se com Moisés e Aarão
quando saíram de Faraó (5:20).
Dia 3 – Deus ordena Moisés para ir falar com Faraó. Moisés
está inseguro (eis que sou incircunciso dos lábios, como pois me ouvirá Faraó?)
e põe Aarão para seu profeta. Então Moisés e Aarão entraram a Faraó e Aarão
lançou a sua vara que se tornou em serpente (6:1-13, 28-30; 7:1-13). Faraó
recusou ouvir e o Senhor diz a Moisés para ir a Faraó, pela manhã (7:15).
Dia 4 – Quando Faraó saiu às águas pela manhã, Moisés
já estava à espera dele na beira do rio (7:15). Aarão é mandado estender a sua
vara sobre as águas do Egipto. Moisés e Arão fizeram o que o Senhor lhes tinha
ordenado, e a água se tornou em sangue. Os peixes morreram, o rio cheirou mal,
não se podia beber (7:19-24).
Dias 5, 6, 7, 8, 9, 10, 11 – Cumpriram-se 7 dias, depois que o Senhor feriu o rio.
Dia 12 – Depois disse o Senhor a Moisés para novamente ir
ter com Faraó. Subiram rãs que cobriram a terra. Faraó chamou a Moisés e Arão
para tirar as rãs. Moisés pergunta a Faraó quando é que ele havia de
rogar para que as rãs fossem retiradas e ficassem somente no rio. Faraó
respondeu: amanhã (8-9-10).
Dia 13 – Moisés clamou ao Senhor conforme tinha combinado
com Faraó no dia anterior. Morreram as rãs, que foram ajuntados em montões.
Porém, Faraó viu que havia alívio, e não os ouviu.
Dia 14 – Sem qualquer aviso prévio a Faraó, Moisés e Arão
foram instruídos para estender a vara e houve piolhos por toda a terra. O
coração de Faraó continua endurecido (8:16-19). Disse mais o Senhor a Moisés: Levanta-te
pela manhã cedo (8:20), e põe-te diante de Faraó; eis que ele sairá às
águas.
Dia 15 – Então, pela manhã cedo (8:20), segundo a
ordem do Senhor, Moisés apresenta-se a Faraó. Desta vez o Senhor vai enviar enxames
de moscas, mas fará distinção entre o povo do Egipto e o povo de Israel. “Amanhã
se dará este sinal” (Ex 8:24).
Dia 16 – Ex 8:24 – vieram grandes enxames de moscas. Faraó
chamou a Moisés. Moisés disse: eis que saio de ti, e orarei ao Senhor, que
estes enxames de moscas se retirem amanhã (8:29).
Dia 17 – Os enxames de moscas se retiraram conforme a
palavra de Moisés (8:31). Mas ainda esta vez Faraó endureceu o coração.
Dia 18 – Novo aviso de Moisés a Faraó: pestilência sobre o
gado, com distinção entre os rebanhos do Egipto e os dos israelitas (9:1-4). Amanhã
fará o Senhor isto na terra (9:5).
Dia 19 – No dia seguinte (9:6), todo o gado dos egípcios
morreu. Faraó enviou ver, e eis que do gado de Israel não morrera nenhum, mas
Faraó continua endurecido (9:7).
Dia 20 – Sem aviso, Moisés e Arão tomaram cinza de forno e o
atiraram para o céu e tornou-se em tumores nos homens e nos animais (9:8-12).
Dia 21 – Pela manhã cedo (9:13), Moisés apresenta-se
novamente a Faraó. Eis que amanhã por este tempo (9:18) farei chover saraiva mui grave.
Dia 22 – Moisés estende a vara para o céu e o Senhor deu
trovões e saraiva em toda a terra do Egipto, exceto na terra de Gosen. Faraó
manda chamar Moisés. Moisés promete que os trovões e a saraiva cessarão quando
ele sair da cidade (9:29-33). A praga cessou, mas Faraó continua endurecido.
Depois disse o Senhor a Moisés; entra a Faraó (10:1)
Dia 23- Assim foram Moisés e Arão novamente a Faraó: se
recusares deixar ir o meu povo, eis que amanhã trarei gafanhotos (10:4) ao teu território. Depois de avisar Faraó,
Moisés virou-se e saiu da presença de Faraó (10:6). Os oficiais de Faraó tentam
convencê-lo a deixar ir os israelitas, porque o Egipto está arruinado (v.7).
Moisés e Arão são levados outra vez a Faraó e expulsos da presença (10:8-11). Moisés
estendeu a sua vara, e o Senhor trouxe um vento oriental todo aquele dia e
aquela noite (10:13).
Dia 24 – Pela manhã (10:13), o vento oriental trouxe
os gafanhotos, que cobriram a superfície da terra e devoraram tudo. Faraó
apressou-se a chamar Moisés (10:16). Quando Moisés saiu da presença de Faraó, o
Senhor trouxe um forte vento ocidental que levantou os gafanhotos e os lançou
no mar Vermelho. Porém, o coração de Faraó continua endurecido.
Dia 25, 26, 27 – Ex 10:21-23 – Sem aviso a Faraó, o Senhor
disse a Moisés para estender a mão para o céu, e virão trevas espessas sobre
toda a terra do Egipto por 3 dias (10:22). Os filhos de Israel tinham
luz nas suas habitações. Mas entre os egípcios, não viu um ao outro, e
Dia 28 – Depois dos dias em que ninguém se levantou do seu
lugar (10:23), Faraó manda chamar Moisés. Mais uma vez Faraó não aceita as
exigências de Moisés. A partir desse momento, nunca mais se verão (10:26-27).
Antes de se retirar da presença de Faraó, Moisés, ainda o
avisa “A meia-noite passarei pelo meio do Egito e todo o primogénito na
terra do Egipto morrerá. Haverá grande clamor como nunca houve”. E Moisés saiu
de Faraó em ardor de ira (11:4-8).
Noite de 28 para 29 - E aconteceu, à meia-noite, que
o Senhor feriu a todos os primogénitos na terra do Egipto (12:29).
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Entre o capítulo 11 – a última visita de Moisés a Faraó – e Ex
12:29 – quando começa a noite da morte dos primogénitos, há um parêntese. O
Senhor fala a Moisés “este mês vos será o principal dos meses; será o primeiro
mês do ano” (12:2) e instrui-o sobre a celebração da Páscoa (12:3-28).
Floyd Nolen Jones interpreta isto como um intervalo de 10
dias entre o último aviso a Faraó e a concretização da ameaça.
No entanto, julgo que a narrativa não dá lugar a um intervalo.
Moisés disse a Faraó que aconteceria à meia-noite. Podemos pensar, mas não
disse em que dia exatamente. Contudo, quando olhamos para o ritmo da narrativa
do mês que passou, a rapidez alucinante em que as pragas se seguiram umas às
outras, não há razão para crer que houve um intervalo de dias entre o aviso e a
execução.
Em meu ver, a noite de 28 a 29 do tempo das pragas é o começo
do dia 14 de Abib, a noite em que tinham que comer o cordeiro, e essa mesma
noite fugiriam.
10 de Abib (12:3), o dia em que cada casa tinha que tomar para
si um cordeiro, era o primeiro dia da praga das trevas (dia 25). Mas para o povo
de Israel não era problema; eles tinham luz nas suas casas (10:23).
1 de Abib, o primeiro dia do mês que, para Israel, passaria
a ser o primeiro dos meses do ano (12:2) corresponde ao dia 16 do tempo das pragas, que
era o dia da praga das moscas. O que distingue este dia e esta praga dos
anteriores é que é a primeira praga em
que a terra de Gosen, onde habitava o povo de Israel, era separada (8:23). Não
estava sujeita às pragas que os egípcios sofreram. Isto assinala o começo de um
novo período para o povo de Israel, “o princípio dos meses, o primeiro dos
meses do ano”.
A instrução sobre a Páscoa (Ex 12) terá sido dada a Moisés nesse
princípio de mês, ou mesmo antes, e não depois do aviso a Faraó da morte dos
primogénitos porque não se coaduna com o correr da narrativa.
Desde a primeira vez que Moisés e Aarão foram falar com
Faraó até a noite dos primogénitos foram 28
dias, o que equivale a um mês lunar.
Este comentário foi removido pelo autor.
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