09/03/2014

ÊXODO (4)

Velikovsky encontrou em 3 documentos egípcios indícios que os situam na mesma época que o êxodo dos Israelitas do Egipto. Uma grande catástrofe natural – provavelmente um sismo de grande magnitude, erupções vulcânicas, um tsunami – seguida da invasão de um povo asiático, os Amu, e um período de grande confusão, desordem, miséria e violência que se segue à catástrofe natural associada à invasão e ocupação do território egípcio pelos amu.

Quem são estes amu? Quando ocorreram estas coisas?
Tradicionalmente, o êxodo é situado na 18ª ou 19ª dinastia. Alguns identificam Israel com os hicsos. Outros são da opinião que foram os hicsos que acolheram José e a sua família, sendo conhecidos como os reis-pastores. O faraó Amósis da 18ª dinastia teria expulso os hicsos. Ele, ou o seu sucessor Amenotepe I, ou Tutmés, foi o responsável pela política repressiva e que reduziu os hebreus à escravidão. A princesa que salvou Moisés teria sido Hatshepsute. Outros alegam que o faraó da opressão foi Ramsés da 19ª dinastia, devido ao nome da cidade-armazém construída pelos israelitas.

Porém, as deduções de Velikovsky vêm baralhar esta cronologia.
Retomando a pergunta deixada na última mensagem, quando, na história do Egipto, se podem situar os acontecimentos descritos no Papiro de Ipuwer, no monólito de El-Arish e no Papiro do Hermitage?

O tempo descrito no Papiro de Ipuwer, segundo a opinião do papirólogo alemão Kurt Sethe, é o do tempo da invasão dos hicsos. Portanto, do período intermédio entre o Império Médio e o Império Novo (ver o quadro cronológico infra).
Os que estudaram o papiro Ipuwer concordam que o documento é uma cópia de outro mais antigo. Mas a maneira de escrever é a do Império Médio. Isto coloca-o, na opinião de Gardiner, que traduziu o texto, no período que separa a 6ª da 11ª dinastia, portanto numa época ainda anterior ao Império Médio e muito anterior ao tradicional. Mas ele deixou a questão em aberto.

Para Velikovsky, o pano de fundo histórico do Papiro Ipuwer é o da invasão dos Hicsos (Sethe). Considerações filológicas mostram que o texto tem todos os sinais de um produto literário do Império Médio (Gardiner). Quando se combinam os testemunhos históricos e filológicos, tudo aponta para o fim do Império Médio e o início da invasão dos hicsos. O estilo ainda é o do Império Médio, porque nos poucos meses depois do fim dessa era o estilo literário não podia ter mudado muito. Aliás, nos séculos de dominação dos hicsos, a atividade literária parou no Egipto. Além disso, Ipuwer fala de uma tragédia do seu próprio tempo e não de uma época passada. O texto terá sido redigido pouco tempo depois da queda do Império Médio, no início do período de dominação dos hicsos.
Não só a invasão dos Amu (Hicsos) constitui o pano de fundo histórico do Papiro Ipuwer, mas também a catástrofe natural e as pragas que são análogas ao do tempo do êxodo.

Ainda há outra importante inscrição egípcia da rainha Hatshepsute, que reinou duas ou três gerações depois da expulsão dos hicsos, a qual dá a entender que ela restaurou o que tinha sido deixado em ruinas pelos amu que reinavam no Delta e em Avaris. Os amu, que tinham tomado posse do país, não cuidaram de restaurar as ruinas e aumentaram mesmo a destruição.
Em todos os documentos referidos – o Papiro Ipuwer, a pedra de El-Arish, o Papiro do Hermitage e também a inscrição de Hatshepsute -, a catástrofe natural e a invasão dos amu são descritos como sequenciais. A catástrofe consistia numa série de convulsões e distúrbios e a invasão dos povos da Ásia aconteceu antes que os elementos naturais se acalmassem.

Qual a consequência de tudo isto para a cronologia?
Se está correto que a saída dos israelitas do Egípcio é contemporânea com a catástrofe natural e a invasão dos hicsos no Egipto e que todos os documentos mencionados falam de um mesmo evento (mesmo que de pontos de vista diferentes), e se a cronologia bíblica está correta, toda a cronologia da história do Egipto como ensinada tradicionalmente no meio académico (e cristão) está errada em cerca de 500 anos e devia ser revista.

Outra consequência é que toda a cronologia do antigo Médio Oriente deve ser revista, porque está baseada na cronologia do Egípto, que tem sido usada direta ou indiretamente para datar todas as outras civilizações na Europa e no Médio Oriente.
E aqui está o problema. O establishment académico rejeita todo movimento revisionista que possa surgir internamente. São outsiders que investigam as provas e que descobrem e expõem os erros, porém não são reconhecidos, sendo mesmo ridicularizados. Como foi o caso de Velikovsky.

Para podermos estar seguros no que acreditamos, é importante conhecermos a cronologia que a Bíblia fornece e que cremos estar correta.

1º PERÍODO INTERMÉDIO
7ª a 10ª dinastia                  
2181-2055
Cronologia tradicional
Cronologia revista segundo Velikovsky
IMPÉRIO MÉDIO
11ª dinastia
12ª dinastia
13ª dinastia
2055-1650
 
1706: a família de Jacó entra no Egipto
 
2º PERÍODO INTERMÉDIO
14ª a 17ª dinastia (hicsos)
1650-1550
 
1571: nascimento Moisés
Saída de Israel do Egipto no início do período dos hicsos.
O período dos hicsos corresponde à época de Juizes.
IMPÉRIO NOVO          
18ª dinastia (1570-1320)
§  Amósis (1570-1546)
§  Amenotepe  I (1546-1527)
§  Tutmés I (1527-1515)
§  Tutmés II (1515-1498)
§  Hatchepsute (1498-1483)
§  Tutmés III (1504-1450)
§  Amenotepe II (1450-1412)
§  Tutmés IV (1412-1402)
§  Amenotepe III (1402-1364)
§  Akhenaton (1350-1334)
§  Semencaré  (1334)
§  Tutankamon (1334-1325)
§  Ai (1325-1321)
19ª dinastia
§  Ramsés I (ca. 1320)
§  Seti I  (1318-1304)
§  Ramsés II (1304-1237)
§  Merneptá (1236-1223)
§  Amenmes
§  Seti II
§  Siptah (1208-1202)
§  Rainha Tausert (1202-1200)
20ª dinastia
1550-1069
 
 
 
 
 
1491: Êxodo
 
 
 
 
 
 
 
 
 
Êxodo
 
 
 
 
 
 
Salomão (Hatschepsute = rainha de Sabá)

1 comentário:

  1. Gosto muito de sua linha de raciocínio.
    Seria bom se pudesse ler STEWART, Ted. T. SOLVING DE EXODUS MYSTERY. Biblemart.com: Lubbock, TX, 2003.
    Ele refaz a cronologia com dados astronômicos e coloca o Êxodo na XII dinastia.
    O trabalho dele é genial.
    Abraços!
    Alvaro Pestana

    ResponderEliminar