Quem são estes amu? Quando ocorreram estas coisas?
Tradicionalmente, o êxodo é situado na 18ª ou 19ª dinastia. Alguns
identificam Israel com os hicsos. Outros são da opinião que foram os hicsos que
acolheram José e a sua família, sendo conhecidos como os reis-pastores. O faraó
Amósis da 18ª dinastia teria expulso os hicsos. Ele, ou o seu sucessor Amenotepe
I, ou Tutmés, foi o responsável pela política repressiva e que reduziu os
hebreus à escravidão. A princesa que salvou Moisés teria sido Hatshepsute. Outros
alegam que o faraó da opressão foi Ramsés da 19ª dinastia, devido ao nome da
cidade-armazém construída pelos israelitas.
Porém, as deduções de Velikovsky vêm baralhar esta
cronologia.
Retomando a pergunta deixada na última mensagem, quando, na
história do Egipto, se podem situar os acontecimentos descritos no Papiro de
Ipuwer, no monólito de El-Arish e no Papiro do Hermitage?
O tempo descrito no Papiro de Ipuwer, segundo a opinião do
papirólogo alemão Kurt Sethe, é o do tempo da invasão dos hicsos. Portanto, do período
intermédio entre o Império Médio e o Império Novo (ver o quadro cronológico
infra).
Os que estudaram o papiro Ipuwer concordam que o documento é
uma cópia de outro mais antigo. Mas a maneira de escrever é a do Império Médio.
Isto coloca-o, na opinião de Gardiner, que traduziu o texto, no período que
separa a 6ª da 11ª dinastia, portanto numa época ainda anterior ao Império
Médio e muito anterior ao tradicional. Mas ele deixou a questão em aberto.
Para Velikovsky, o pano de fundo histórico do Papiro Ipuwer
é o da invasão dos Hicsos (Sethe). Considerações filológicas mostram que o
texto tem todos os sinais de um produto literário do Império Médio (Gardiner).
Quando se combinam os testemunhos históricos e filológicos, tudo aponta para o
fim do Império Médio e o início da invasão dos hicsos. O estilo ainda é o do Império
Médio, porque nos poucos meses depois do fim dessa era o estilo literário não
podia ter mudado muito. Aliás, nos séculos de dominação dos hicsos, a atividade
literária parou no Egipto. Além disso, Ipuwer fala de uma tragédia do seu
próprio tempo e não de uma época passada. O texto terá sido redigido pouco
tempo depois da queda do Império Médio, no início do período de dominação dos hicsos.
Não só a invasão dos Amu (Hicsos) constitui o pano de fundo
histórico do Papiro Ipuwer, mas também a catástrofe natural e as pragas que são
análogas ao do tempo do êxodo.
Ainda há outra importante inscrição egípcia da rainha
Hatshepsute, que reinou duas ou três gerações depois da expulsão dos hicsos, a
qual dá a entender que ela restaurou o que tinha sido deixado em ruinas pelos
amu que reinavam no Delta e em Avaris. Os amu, que tinham tomado posse do país,
não cuidaram de restaurar as ruinas e aumentaram mesmo a destruição.
Em todos os documentos referidos – o Papiro Ipuwer, a pedra
de El-Arish, o Papiro do Hermitage e também a inscrição de Hatshepsute -, a
catástrofe natural e a invasão dos amu são descritos como sequenciais. A
catástrofe consistia numa série de convulsões e distúrbios e a invasão dos
povos da Ásia aconteceu antes que os elementos naturais se acalmassem.
Qual a consequência de tudo isto para a cronologia?
Se está correto que a saída dos israelitas do Egípcio é
contemporânea com a catástrofe natural e a invasão dos hicsos no Egipto e que
todos os documentos mencionados falam de um mesmo evento (mesmo que de pontos
de vista diferentes), e se a cronologia bíblica está correta, toda a cronologia
da história do Egipto como ensinada tradicionalmente no meio académico (e
cristão) está errada em cerca de 500 anos e devia ser revista.
Outra consequência é que toda a cronologia do antigo Médio Oriente
deve ser revista, porque está baseada na cronologia do Egípto, que tem sido
usada direta ou indiretamente para datar todas as outras civilizações na Europa
e no Médio Oriente.
E aqui está o problema. O establishment académico rejeita todo movimento revisionista que
possa surgir internamente. São outsiders que investigam as provas e que
descobrem e expõem os erros, porém não são reconhecidos, sendo mesmo
ridicularizados. Como foi o caso de Velikovsky.
Para podermos estar seguros no que acreditamos, é importante
conhecermos a cronologia que a Bíblia fornece e que cremos estar correta.
1º PERÍODO INTERMÉDIO
7ª a 10ª dinastia
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2181-2055
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Cronologia tradicional
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Cronologia revista segundo
Velikovsky
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IMPÉRIO MÉDIO
11ª dinastia
12ª dinastia
13ª dinastia
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2055-1650
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1706: a família de Jacó entra no Egipto
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2º PERÍODO INTERMÉDIO
14ª a 17ª dinastia (hicsos)
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1650-1550
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1571: nascimento Moisés
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Saída de Israel do Egipto no início do período dos hicsos.
O período dos hicsos corresponde à época de Juizes.
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IMPÉRIO NOVO
18ª dinastia (1570-1320)
§ Amósis (1570-1546)
§ Amenotepe I
(1546-1527)
§ Tutmés I (1527-1515)
§ Tutmés II (1515-1498)
§ Hatchepsute (1498-1483)
§ Tutmés III (1504-1450)
§ Amenotepe II (1450-1412)
§ Tutmés IV (1412-1402)
§ Amenotepe III (1402-1364)
§ Akhenaton (1350-1334)
§ Semencaré
(1334)
§ Tutankamon (1334-1325)
§ Ai (1325-1321)
19ª dinastia
§ Ramsés I (ca. 1320)
§ Seti I (1318-1304)
§ Ramsés II (1304-1237)
§ Merneptá (1236-1223)
§ Amenmes
§ Seti II
§ Siptah (1208-1202)
§ Rainha Tausert (1202-1200)
20ª dinastia
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1550-1069
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1491: Êxodo
Êxodo
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Salomão (Hatschepsute = rainha de Sabá)
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Gosto muito de sua linha de raciocínio.
ResponderEliminarSeria bom se pudesse ler STEWART, Ted. T. SOLVING DE EXODUS MYSTERY. Biblemart.com: Lubbock, TX, 2003.
Ele refaz a cronologia com dados astronômicos e coloca o Êxodo na XII dinastia.
O trabalho dele é genial.
Abraços!
Alvaro Pestana