20/07/2014

A PASSAGEM DO JORDÃO

“Quando os que levavam a arca chegaram até ao Jordão, e os seus pés se molharam na borda das águas (porque o Jordão transbordava sobre todas as suas ribanceiras todos os dias da sega), pararam-se as águas, que vinham de cima; levantaram-se num montão, mui longe da cidade Adão, que fica ao lado de Zaretã; e as que desciam ao mar da Arabá, que é o Mar Salgado, foram de todo cortadas; então passou o povo defronte de Jericó. Porém, os sacerdotes que levavam a arca da aliança do Senhor pararam firmes no meio do Jordão, e todo o Israel passou a pé enxuto, atravessando o Jordão” (Josué 3:15-17).

O corte das águas do Jordão tem uma explicação sismológica e há registo de várias ocorrências semelhantes na história recente. É preciso compreender um pouco a situação geográfica do vale do Jordão.

O vale do Jordão situa-se numa falha geológica (afro-árabe) conhecida como o Grande Vale do Rift, que tem cerca de 5000 km. A fratura começa no sudeste da Turquia e estende-se para sul (pelo vale do rio Jordão, o mar da Galileia e o mar Morto) até ao Golfo de Aqaba. A partir deste ponto, continua em direção sul numa linha paralela ao mar Vermelho até à Etiópia, resultando na separação da Península Árabe e da África. Na base do mar Vermelho divide-se em dois ramos. O ramo ocidental desce até Moçambique. Esta falha é responsável pela criação dos grandes lagos da África Oriental (Turkana, Albert, Edward, Kivu, Tanganyka, Malawi).

A cidade de Adão (v.16) é a atual Damiya, situada a cerca de 30 km a montante do lugar onde os israelitas terão passado o Jordão. Em dezembro de 1267, um sismo fez ruir parte da falésia ao longo do Jordão em Damiya, represando a água e cortando o fluxo para jusante por cerca de 10 horas. Em janeiro de 1546, um sismo com epicentro perto da cidade de Nablus (Schechem) fez parar o fluxo do Jordão durante cerca de 2 dias. Em 1927, deslocações de terra causadas por um sismo represaram o Jordão por 21 horas (Beitzel, 2009:p.50). Outros cortes do fluxo do Jordão, com uma duração de um ou dois dias, terão ocorrido em 1906, 1834 e 1160 (Wood, 1990).

É possível que um evento semelhante tenha ocorrido quando Israel passou o Jordão “de pé enxuto”.

Mas gostaria de observar aqui que, apesar de uma explicação natural destas ocorrências, não deixa de ser um milagre de intervenção divina. É a mão do Senhor a operar, quer no Seu poder sobre a natureza, quer na Sua condução atempada do povo e na chegada ao Jordão em hora oportuna, quer na inspiração divina de Josué, ou em todas estas coisas juntas.

Sem comentários:

Enviar um comentário