AH 3405 - 11º ano de Jeoaquim
Jeoaquim morre e o seu filho, Joaquim (Jeconias,
Conias), reina em seu lugar.
Joaquim reinou apenas 3 meses e 10 dias.
Possivelmente, 3 meses ainda no que é o 11º ano de Jeoaquim, e 10 dias no novo
ano, quando é levado para Babilónia, na primavera
do ano 3406 (2Cr 36:9-10), que é o
tempo quando os reis costumam ir à guerra (2Sam 11:1). O ano 3406 é atribuído a Joaquim, sendo o ano 0 de
Zedequias, seu tio paterno, colocado no trono de Judá por Nabucodonosor.
Relativamente à idade de Joaquim, temos um problema
a resolver:
2Rs24:8 – Tinha Joaquim dezoito anos quando
começou a reinar, e reinou 3 meses em Jerusalém.
2Cr 36:9 – Tinha Joaquim oito anos quando
começou a reinar, e reinou 3 meses e 10 dias em Jerusalém.
Muitas traduções consideram “oito” em 2Cr 36:9 um
erro de escriba, e substituem por “dezoito”, tal como está em 2Rs 24:8. Por
isso, em geral, não damos por esta incongruência.
1) Joaquim tinha de facto 18 anos (literalmente, filho de dezoito anos)
quando ascendeu ao trono (2Rs 24:8). Ser “filho de oito anos” (2Cr 36:9) pode
referir-se ao facto de a sua dinastia ou reinado ter estado sob o domínio de
Nabucodonosor desde o 3º ano do seu pai Jeoaquim, ou seja, 8 anos.
2) Jeoaquim teria nomeado ou ungido o seu filho para o suceder muito jovem,
numa tentativa de segurar o trono através da sua linhagem (de Jeoaquim), a fim de negar o trono ao
seu irmão Zedequias.
3) Josias terá ungido Joaquim, seu neto, para o suceder imediatamente antes
do seu encontro com Faraó Neco.
Esta última solução é preferida por Floyd Nolen
Jones, que dá a seguinte explicação (traduzido livremente):
Consciente de que os seus filhos eram maus, a
esperança do piedoso Josias estaria depositada no seu neto Jeconias (Joaquim),
que este se tornaria uma pessoa melhor,
embora ainda com 8 anos apenas. Mas visto que o próprio Josias sucedeu ao seu
pai com apenas 8 anos, não teria reservas em colocar tão jovem criança no trono
de Judá. Josias estava consciente de que não regressaria da batalha contra os
egípcios, que vinham em números muito maiores do que o exército de Judá. E fora
profetizado que ele morreria jovem e também antes das maldições que Deus
enviaria sobre o reino de Judá (2Rs 22; 2Cr 34). Josias tinha então 39 anos de
idade e sabia que a sua hora podia vir rapidamente.
O único caminho bíblico e legal para um neto poder
herdar o trono enquanto o pai e tios ainda estavam vivos era através da adopção
para o estatuto de filho (ver Gn 48, quando os filhos de José, Efraim e
Manassés, são adoptados como filhos por Jacó, de modo a poderem ser herdeiros
com igual estatuto que os outros filhos).
Nolen Jones é de opinião que Josias adoptou e
nomeou Jeconias/Joaquim como o seu sucessor imediatamente antes do seu encontro
fatal com Neco em Megido. Esta hipótese encontra apoio bíblico em Mt 1:11 -
“Josias gerou a Jeconias e a seus
irmãos no tempo do exílio em Babilónia”.
Este versículo ocorre na listagem de antepassados
de Jesus Cristo. O v.11 afirma que Josias gerou Jeconias (Joaquim era o nome de
trono), embora não fosse o seu filho propriamente dito. Embora num sentido
bíblico mais amplo seja permitido falar de “gerar” quando se trata de descendentes
para além da geração dos próprios filhos, neste caso “Josias gerou” terá
acontecido no momento da adopção. Isto é claramente visto no resto da frase: “e
seus irmãos”. A alusão é claramente aos dois filhos de Josias: Jeoaquim (pai de
Jeconias) e Zedequias (tio de Jeconias e irmão de Jeoaquim). Só neste caso é
possível dizer que os filhos de Josias são irmãos de Jeconias/Joaquim!
Se ainda permaneçam dúvidas, Nolen Jones pede para
considerar:
“Na primavera do ano mandou o rei Nabucodonosor
levá-lo [Joaquim] a Babilónia, com os mais preciosos utensílios da casa do Senhor;
e estabeleceu a Zedequias, seu irmão, rei sobre Judá e Jerusalém” (2Cr
36:10).
Como pode Zedequias ser irmão de Joaquim? Apenas
sendo plenamente adoptado como filho. Contudo, o povo da terra não acatou a
decisão de Josias, colocando em vez dele Jeoacaz no trono. Este foi removido
pelo rei do Egipto depois de reinar 3 meses, e Eliaquim/Jeoaquim foi colocado
no trono e reinou 11 anos.
Jeconias/Joaquim foi ungido rei quando era criança
(2Cr 36:9), mas na realidade só ocupou o trono quando tinha 18 anos de idade
(2Rs 24:8-12) – um lapso de 11 anos. Foi também o caso de David, por exemplo.
Além disso, Crónicas aborda a situação da
perspectiva dos sacerdotes/templo/Deus, enquanto o livro de Reis a apresenta do
ponto de vista histórico/político/trono.
Deste modo está resolvida a “discrepância” ou o “erro
de escriba” entre 2Rs 24:8 e 2Cr 36:9.
É uma explicação que me parece aceitável, e possivelmente
correta.
Ainda poderia ser acrescentada outro aspecto a seu
favor: é Joaquim que é considerado na genealogia de Jesus, e não Zedequias.
Joaquim é, portanto, o último rei legítimo no trono de Judá.
Por outro lado, em meu ver, esta explicação não
impede que também a primeira hipótese seja válida – Joaquim como “filho de oito
anos” (2Cr 36:9) referindo-se ao facto de a sua dinastia ou reinado ter estado
sob o domínio de Nabucodonosor desde o 3º ano do seu pai Jeoaquim, ou seja, 8
anos. O Senhor escolheu Nabucodonosor, um rei gentio, e o estabeleceu como “rei
dos reis”, a quem todas as nações se deviam submeter, incluindo Israel. Houve
aqui uma mudança importante no governo do mundo. “É ele quem muda o tempo e as
estações, remove reis e estabelece reis” (Dn 2:21). É o começo de uma nova era:
o tempo dos gentios.
Excelente! Gostei bastante deste artigo.
ResponderEliminarMe surpreendi, faz alguns minutos, pela aparente contradição de Crônicas e Reis. Porém este presente artigo me tirou a dúvida.
A explicação do Floyd Nolen Jones parece ser correta. Tem fundamentação na própria Bíblia.
Agradeço, Anne.
Sou Marcos Cabral, do Brasil, cidade de Recife. Da igreja Assembléia de Deus.
Muito bom trouxe esclarecimentos. Obrigado pela postagem. Sds Paz
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