16/07/2015

70 ANOS DE ASSOLAÇÕES DE JERUSALÉM

No primeiro ano de Dario, filho de Assuero, da linhagem dos medos, o qual foi constituído rei sobre o reino dos caldeus, no primeiro ano do seu reinado, eu, Daniel, entendi, pelos livros, que o número de anos, de que falara o Senhor ao profeta Jeremias, em que haviam de durar as assolações de Jerusalém, era de 70 anos (Dn 9:1-2).

Jeremias 25:11-12 e 29:10 são as únicas passagens naquele livro que falam em 70 anos. E são certamente estas que vieram à mente de Daniel, agora que o domínio babilónico acabara de ser quebrado. Belsazar, último rei dos caldeus, fora morto e Dario, o medo, com cerca de sessenta e dois anos, se apoderou do reino (Dn 5:30-31).

Acontecerá, porém, que, quando se cumprirem os setenta anos, castigarei a iniquidade do rei de Babilónia e a desta nação, diz o Senhor, como também a da terra dos caldeus; farei deles ruínas perpétuas (Jr 25:12).

Logo que se cumprirem para Babilónia setenta anos atentarei para vós e cumprirei para convosco a minha boa palavra, tornando a trazer-vos para este lugar […] congregar-vos-ei de todas as nações e de todos os lugares para onde vos lancei, diz o Senhor, e tornarei a trazer-vos ao lugar donde vos mandei para o exílio (Jr 29:10-14)

Nestas passagens, os 70 anos estão diretamente relacionados com a duração do reino da Babilónia. Quando se cumprissem para Babilónia 70 anos, o povo seria liberto.

A palavra em Jeremias 25 veio no 4º ano de Jeoaquim (ano 3398), que é o 1º ano de Nabucodonosor (Jr 25:1). Será este o ponto de partida dos 70 anos para Babilónia. Os 70 anos para Babilónia cumpriram-se então no ano 3468 (3398+70), quando Babilónia foi tomada, Belsazar rei dos caldeus, morto, e Dario o medo se apoderou do reino (Dn 5:30-31).

“Logo que se cumprirem para Babilónia setenta anos atentarei para vós” (Jr 29:10). No primeiro ano de Dario, Daniel entendeu que os 70 anos tinham chegado ao fim e ora a Deus (Dn 9:3-9).

Nas passagens de Daniel 9 e também de 2Cr 36:20-22, observamos um paralelismo entre os 70 anos para Babilónia e os 70 anos das assolações de Jerusalém.

Algumas versões da Bíblia — nomeadamente a King James Version — traduzem Jr 29:10 “passados setenta anos em Babilónia” (after seventy years be accomplished at Babylon), relacionando assim a duração de 70 anos com estadia dos judeus na Babilónia, embora a maior parte das outras versões traduza for Babylon (= para Babilónia) (Jr 29:10).

E 2Cr 36:20-22 liga os 70 anos com a desolação da terra: Os que escaparam da espada a esses levou ele [Nabucodonosor] para Babilónia, onde se tornaram seus servos e de seus filhos, até ao tempo do reino da Pérsia; para que se cumprisse a palavra do Senhor por boca de Jeremias, até que a terra se agradasse dos seus sábados; todos os dias da desolação repousou até que os setenta anos se cumpriram. No primeiro ano de Ciro… (2 Cr 36:20-22).

De acordo com 2 Crónicas 36:20-23, a desolação da terra tem a duração dos 70 anos do cativeiro, até ao tempo do reino da Pérsia, quando Ciro ordenou por escrito o regresso do povo e a construção do templo em Jerusalém.

Até que a terra se agradasse dos seus sábados (2 Cr 36:21). Este versículo traz luz sobre a razão pela qual se deu o exílio do povo de Israel e a duração do mesmo: está relacionado com a falta de cumprimento do sábado, um dos mais antigos e importantes requerimentos da lei.

O conceito do sábado tem origem na obra da criação. Seis dias, Deus trabalhou, depois avaliou a sua obra, viu que estava tudo muito bom, e descansou. Mas o sábado como instituição só aparece depois que Deus libertou o povo de Israel do Egipto, servindo como sinal da aliança entre Ele e Israel, para se lembrarem de que foram servos no Egipto e que o Senhor os tirou de lá (Dt 5:15). Por isso, o sábado tornou-se símbolo de redenção e libertação do cativeiro, e também de descanso do trabalho de escravo.

Ao mesmo tempo, o cumprimento do sábado era sinal de reconhecimento de que Deus era Senhor. Isto, porque somos servos de quem nos liberta, ou de quem nos compra. Na lei, a obrigação de guardar o sábado estava inscrita logo a seguir ao primeiro mandamento — Eu sou o Senhor e não terás outros deuses — (Ex 20; Dt 5).

O significado do sábado foi primeiro ensinado a Israel através da provisão do maná. Guardar o sábado era um teste para Israel, para provar que confiavam (descansavam) no Senhor para o suprimento das suas necessidades. Deus deu-lhes o sábado como descanso, e eles tinham de o guardar (Ex 31:12-18). Seis dias deviam colher o maná, no sétimo dia, dia de descanso, não haveria. Mas no sexto dia estavam autorizados a colher uma porção dobrada para não terem de trabalhar no sétimo dia (sábado).

O exílio de Israel na Babilónia estava relacionado com o não cumprimento do sábado, e muito especificamente o sábado da terra.

Ao entrarem na terra que Deus lhes iria dar (Lv 25:1-7), teriam que guardar o sábado (descanso) da terra. Seis anos semeavam, o sétimo era ano sabático; não se podia semear. No sétimo ano, os frutos da terra em descanso lhes seriam para alimento. Ao guardarem o sábado da terra, Deus abençoá-los-ia com uma colheita extraordinária no sexto ano (Lv 25:20-22) para poderem alimentar-se no sétimo ano até haver nova colheita no oitavo ano (que é o primeiro ano de um novo ciclo sabático).

Se 70 anos constituíam a penalização por não guardar o descanso, um ano por cada sábado, isto quer dizer que Israel não guardara os sábados ao longo de 490 anos, o que representa a maior parte da sua existência como nação, desde o tempo de Saul. A terra ficou a descansar até que se agradasse dos seus sábados; todos os dias da desolação repousou, até que os setenta anos se cumpriram (2Cr 36:21). Aconteceu o que estava previsto na lei: Então a terra folgará nos seus sábados, todos os dias da sua assolação, e vós estareis na terra dos vossos inimigos; nesse tempo a terra descansará (Lv 26:34; 43). A terra repousou o tempo equivalente a todos os anos sabáticos que Israel não cumpriu. Quando os 70 anos passassem, haveria libertação do cativeiro e regresso à terra para cultivá-la.

Com o fim do domínio babilónico, o começo do reino da Pérsia e o decreto de Ciro a autorizar o povo regressar à sua terra e reedificar o templo, começou um novo período na vida da nação de Israel.

6 comentários:

  1. Olá
    Muito boas as suas análises, ok?!
    Porém, se me permite uma observação:
    Os 70 anos em que se haviam de durar as assolações de Jerusalém (Dn 9:1-2) só se inicia a contagem após a destruição da cidade (por Nabucodonosor) fato ocorrido no ano 19º de Babucodonosor, quando após um cerco de 3 anos dos caldeus sobre Jerusalém, é aberta uma rotura nos muros da cidade e todos os homens de guerra fogem, e os caldeus perseguem o rei Zedequias, e o alcançam, matam seus, e vazam-lhe os olhos, e o levam cativo a Babilônia, onde fica encerrado até sua morte.
    É precisamente neste tempo, da invasão da cidade e da destruição da mesma, juntamente com o templo, e a casa do rei e todas as casas dos grandes em Jerusalém, é que começa-se então a contarem os 70 anos da ASSOLAÇÃO DA CIDADE e do DESCANSO SABÁTICO da mesma por iguais 70 anos.

    Um abraço!
    Jefté

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  2. Observação 2:
    Para que sejam contados os 70 anos da desolação de Jerusalém, é necessário que a mesma esteja destruída; se a cidade permanece íntegra e habitada pelos judeus, essa assolação não pode ser contada; porquanto necessita ser primeira assolada; só assim, é que os 70 anos da assolação da cidade se começa a contar. Dan. 9:2

    Jeremias 25:9-11 -
    diz:::::
    "Eis que eu enviarei, e tomarei a todas as famílias do norte, diz o SENHOR, como também a Nabucodonosor, rei de Babilônia, meu servo, e os trarei sobre esta terra, e sobre os seus moradores, e sobre todas estas nações em redor, e os destruirei totalmente, e farei que sejam objeto de espanto, e de assobio, e de perpétuas desolações.
    E farei desaparecer dentre eles a voz de gozo, e a voz de alegria, a voz do esposo, e a voz da esposa, como também o som das mós, e a luz do candeeiro.
    E toda esta terra virá a ser um deserto e um espanto; e estas nações servirão ao rei de Babilônia setenta anos."
    Conforme os versos acima, era somente após a completa destruição da cidade e após desaparecer dentre eles a voz de gozo, e a voz de alegria, a voz do esposo, e a voz da esposa, como também o som das mós, e a luz do candeeiro é que os 70 anos da desolação se começariam a se contar.

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    1. Muito obrigada pelas suas observações. Em primeiro lugar porque para mim mesma tive que esclarecer melhor algumas coisas.
      Contudo, embora as suas observações tenham lógica, tenho que discordar por razões, primeiramente, de ordem cronológica. Por ter pouco espaço aqui nos comentários, resolvi explicar o porquê numa nova mensagem AS ASSOLAÇÕES DE JERUSALÉM (2), publicada hoje (março 2017).

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  3. Sem comentarios, A Palavra de DEUS,já disse tudo; Aceito ou não.


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  4. Um pastor disse que o povo foi cativo por 70 anos pq não deixou a terra descansar no sétimo ano,ficando assim 70 anos nesta desobediência,por isso ficaram 70 anos como se fosse uma dívida,seria verdade isso ou não?obrigado.

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