19/03/2017

AS ASSOLAÇÕES DE JERUSALÉM (2)

Um leitor do blog observou num comentário à mensagem 70 ANOS DE ASSOLAÇÕES DE JERUSALÉM (julho 2015), que a contagem dos 70 anos que haviam de durar as assolações de Jerusalém (Dn 9:1-2) só se iniciam após a destruição da cidade no ano 19º de Nabucodonosor. É precisamente neste tempo, da invasão da cidade e da destruição da mesma, juntamente com o templo, a casa do rei e todas as casas em Jerusalém, é que começam a contar os 70 anos da ASSOLAÇÃO DA CIDADE e do DESCANSO SABÁTICO, da mesma por iguais 70 anos. Para que sejam contados os 70 anos da desolação de Jerusalém, é necessário que a mesma esteja destruída; se a cidade permanece íntegra e habitada pelos judeus, essa assolação não pode ser contada; porquanto necessita ser primeiro assolada. E somente após a completa destruição da cidade e após desaparecer dentre eles a voz de gozo, e a voz de alegria, a voz do esposo, e a voz da esposa, como também o som das mós, e a luz do candeeiro é que os 70 anos da desolação se começariam a se contar (Daniel 9:2; Jer 25:9-11)

Se considerarmos que os 70 anos de assolações e de descanso da terra só começam com a destruição total de Jerusalém, pelas razões acima avançadas, também é lógico que só deveriam terminar com o regresso do povo à sua terra 70 anos depois.

Mas Zacarias 7:1-5 prova que não é assim. Não há 70 anos entre a destruição de Jerusalém por Nabucodonosor e o regresso do povo autorizado pelo decreto de Ciro.

Vejamos.

A data da tomada de Jerusalém por Nabucodonosor no 11º ano de Zedequias, assumi (embora não tenha a pretensão que esteja absolutamente correta) como sendo AH 3418[i]. No 5º mês daquele ano, a cidade foi queimada.

Vários anos depois do regresso do exílio, e escassos dias antes do final do 4º ano de Dario[ii], no 4º dia do 9º mês (Zc 7:1-5) - Sarezer e Régen-Meleque perguntaram aos sacerdotes e aos profetas: Continuaremos nós a chorar, com jejum, no 5º mês, como temos feito por tantos anos? Respondeu Zacarias: Quando jejuastes e pranteastes no 5º e no 7º mês durante estes 70 anos …­

Os jejuns do 5º e 7º mês rememoravam a destruição de Jerusalém e o assassinato de Gedalias, respetivamente. A primeira vez que fizeram estes jejuns foi, logicamente, no primeiro ano a seguir ao ocorrido, portanto, no ano 3419. Da pergunta de Sarezer e resposta de Zacarias no 9º mês, deduzimos que no 5º mês anterior a esta pergunta fizeram o jejum pela 70ª vez, portanto no ano 3488. No ano seguinte 3489, no 12º mês, terminou a construção da casa do Senhor (Esdras 6:15).

3486    6º mês – Ageu começa a falar no 2º ano de Dario
9º mês (num dos últimos dias do mês) – começa o 3º ano de Dario
3487    9º mês (num dos últimos dias do mês) – começa o 4º ano de Dario
3488    5º mês – 70º jejum do 5º mês
9º mês, 4º dia – palavra de Zacarias 7:1-5
            9º mês (num dos últimos dias do mês) – começa o 5º ano de Dario
3489    9º mês (num dos últimos dias do mês) – começa o 6º ano de Dario
            12º mês – o templo é acabado (Esdras 6:15)

Com o rei Dario já estamos portanto vários anos (cerca de 20) depois de Ciro e do regresso do povo.

Portanto, se há 70 anos desde a tomada de Jerusalém até ao 4º ano de Dario, o tempo de “assolações” e a desolação começou antes da tomada de Jerusalém. As assolações começaram no 3º ano de Jeoaquim, quando Nabucodonosor subiu a primeira vez contra Jerusalém e “o Senhor lhe entregou nas mãos a Jeoaquim, rei de Judá, e alguns dos utensílios da casa de Deus; a estes levou-os para a terra de Sinear, para a casa do seu deus” (Dn 1:1-2). As assolações continuaram com várias deportações, nomeadamente de Joaquim e todos os príncipes, todos os homens valentes, todos os artífices e ferreiros … e todos os tesouros da casa do rei e Nabucodonosor cortou em pedaços todos os utensílios de ouro que fizeram Salomao para o templo, no 8º ano de Nabucodonosor (2Rs 24:6-16). E as assolações culminaram quando a cidade foi sitiada e destruída e o resto do povo levado para o exílio.

Desde o tempo do rei Josias que Jeremias os acusava de praticar abominações (Jr 6:15; 7:10, 30; 8:12; …) e anunciava a vinda de um povo do norte (Jr 4:6-7; 5:15-17; 6:1 22; …). Levítico 18:24-30 diz que a prática de atos abomináveis contamina, não só as pessoas, mas também a terra que, em consequência, vomita os seus moradores. Foi por causa das abominações praticadas pelos cananeus que estes foram expulsos (vomitados). Os israelitas são avisados de não se contaminarem com as mesmas coisas que fazem as nações: Não suceda que a terra vos vomite, havendo-a contaminado como vomitou o povo que nela estava antes de vós (v.28).

Quando estes atos abomináveis são trazidos para dentro do santuário, é o lugar santo onde Deus habita (ou que representa a sua habitação) que é profanado. Deus não recebe coisas abomináveis. Quando estas entram no seu templo, Deus abandona – desola - o seu santuário e depois o destrói.

Há várias ocorrências disto na Bíblia. Os sacerdotes filhos de Eli trouxeram o pecado bem dentro do tabernáculo. Não se importavam com o Senhor (v.12). Não só roubavam do que o povo vinha sacrificar, como se deitavam com as mulheres que serviam à porta da tenda da congregação, e fizeram transgredir o povo (1Sm 2:12-25). Em consequência, Deus trouxe um inimigo contra Israel, os filisteus, e abandonou o seu santuário (a arca da sua presença foi levada pelos filisteus), e o sumo-sacerdote Eli e os seus filhos foram mortos e os seus descendentes como que “vomitados” do serviço no santuário (1 Sm 2:30-34; 3:11-14).

No tempo de Ezequiel, o mesmo aconteceu. Ezequiel, que tinha sido levado para o exílio no grupo do rei Joaquim, viu em visão (Ez 8-11:13) as abominações cometidas dentro do templo pelos sacerdotes. Vês o que eles estão fazendo? As grandes abominações que a casa de Israel faz aqui, para que me afaste do meu santuário (Ez 8:6-18)? Os próprios sacerdotes trouxeram religiões estranhas (idolatria) dentro do templo. Em consequência, Ezequiel viu a glória do Senhor levantar-se e sair do templo (Ez 9:3; 10:18). E também viu na sua visão Deus ordenar ao homem vestido de linho para espalhar brasas acesas sobre a cidade. Deus trouxe os caldeus e Nabucodonosor contra Israel, para destruir o templo e a cidade, levar o povo para o exílio e matar o sumo-sacerdote (Jr 4:1;7:30; 13:27; 52:24-26; Ez 5:9,11;6:11; 8:1-18; 2 Cr 36:14-17).

Podemos concluir que foram as abominações cometidas no templo pelos sacerdotes de Israel que contaminaram o lugar santo e fizeram com que Deus retirasse a sua presença e desolasse a sua casa. Abominações não são ações cometidas por estranhos à aliança, mas são cometidas na presença de Deus pelo próprio povo de Deus, representados pelos seus sacerdotes. Porque os filhos de Judá fizeram o que era mau perante mim, diz o Senhor: puseram os seus ídolos abomináveis na casa que se chama pelo meu nome, para a contaminarem (Jr 7:30).

Israel era separado das outras nações para serem sacerdotes diante de Deus. Deus habitava no meio deles. Na terra, tanto israelitas como estrangeiros e outros habitantes podiam cometer abominações. Mas no templo, apenas israelitas (representados pelos seus sacerdotes) tinham acesso, por isso só eles podiam cometer atos abomináveis. Como sacerdotes e levitas, o seu dever era “guardar” a santidade do santuário, assim como Adão fora incumbido de guardar o jardim para não deixar entrar a corrupção que o contaminaria. Adão não guardou o jardim/santuário e foi expulso. Os sacerdotes e levitas não guardaram o tabernáculo, também não guardaram o templo, mas estabeleceram nele a abominação que resultou na desolação.

Assim, não era a presença de exércitos inimigos no templo, quer filisteus, quer caldeus, quer os estandartes romanos, que constituía abominação, mas o facto desta presença e ação profanadora do inimigo era a consequência visível da abominação cometida por Israel. A abominação trazia um juízo, executado mediante o exército de um povo estranho.

Na dedicação do templo de Salomão, a glória de Deus encheu o templo, mostrando a sua presença. Ao longo do tempo da monarquia, as abominações foram entrando no templo, por vezes sanadas, por vezes não, até que chegou a um ponto de não retorno para Israel. Não ores mais por este povo (Jr 7:16; 11:14; 14:11). Ezequiel relata como viu em visão a glória de Deus deixar o templo. Mais uma vez, a glória de Deus foi para o exílio, desta vez na Babilónia, com o remanescente do povo. O templo em Jerusalém, desolado por Deus (Ez 9-11), foi destruído alguns anos mais tarde por Nabucodonosor.

Os 70 ANOS DE ASSOLAÇÕES terminam com o regresso à terra. Podemos datar o ano do regresso adicionando 70 anos ao 3º ano de Jeoaquim: 3398 + 70 = 3468.

Também o CATIVEIRO durou 70 ANOS. E assim como o tempo de assolações, o cativeiro começou por ser parcial a partir do 3º ano de Jeoaquim, com o exílio de um grupo de jovens entre os quais Daniel, e passou a ser total no 11º ano de Zedequias com a destruição de Jerusalém.

Quanto aos 70 anos de DESCANSO DA TERRA, estes sim começaram quando Jerusalém foi queimada e Nabucodonosor levou todos em cativeiro, exceto os mais pobres da terra. Mas prolongaram-se depois do regresso, só terminando com a reconstrução do templo, cujos fundamentos são colocados no 2º ano de Dario, cerca de 20 anos depois do regresso. Embora os judeus tivessem regressado à terra na  sequência do decreto de Ciro, “os céus sobre vós retêm o seu orvalho, e a terra os seus frutos… (Ag 1:10-11). O povo continuava alienado da terra até terem iniciado a reconstrução da casa do Senhor (Ageu 1:1-11; 2:18-19; Zacarias 8:9-12).

No 2º ano de Dario (3486), no 6º mês, Ageu começou a falar (Ageu 1). O 6º mês segue ao 5º mês (mês em que a cidade foi queimada) e isto parece ser uma indicação que o tempo de descanso da terra estava a terminar. Estavam no início do 70º ano depois da tomada de Jerusalém, e Deus disse: Eu sou convosco (Ag 1:13), e todos se puseram ao trabalho na casa do Senhor. No 24º dia do 9º mês, a dias do fim do 2º ano de Dario, é o dia que se fundou o templo do Senhor (Ag 2:10, 18).
– Considerai, eu vos rogo, desde este dia em diante, desde o 24º dia do mês nono, desde o dia em que se fundou o templo do Senhor, considerai nestas coisas. Já não há semente no celeiro.além disso avideira a figueira, aromeira ea oliveira não têm dado osseus frutos; mas desde este dia vos abençoarei (Ageu 2:18-19).

O ano em que Jerusalém foi destruída é considerada um ano sabático. Curioso é que os pobres da terra, que deviam ter sido libertados da servidão e dívidas no ano sabático, mas não foram, receberam agora de Nabucodonosor vinhas e campos  (Jr 39:10).

Ainda há outro período de 70 anos.

Nas duas passagens em Jeremias, o profeta falava de 70 ANOS DE DOMÍNIO DA BABILÓNIA: Quando se cumprirem os setenta anos, castigarei a iniquidade do rei de Babilónia e a desta nação, como também a da terra dos caldeus…(Jer 25:11-12) – Logo que se cumprirem para Babilónia setenta anos atentarei para vós … tornando a trazer-vos para este lugar (Jer 29:10).

Os 70 anos para Babilónia terminaram quando Dario o medo/Ciro tomou a cidade de Babilónia, história narrada em Daniel 5. Calculámos que teve lugar em 3466 AH. Mas quando inicia este período?

Geralmente, considera-se que este período inicia com a batalha de Carquemis, quando Nabucodonosor derrotou o Egipto. Isto foi no 4º ano de Jeoaquim (3399) e é o ano em que Nabucodonosor sobe ao trono depois da morte de Nabopolassar. Foi também a explicação que dei na primeira mensagem sobre AS ASSOLAÇÕES DE JERUSALÉM (julho 2015).

Mas penso que não é correto, porque Nabucodonosor subiu contra Jerusalém a primeira vez no 3º ano de Jeoaquim; e do 4º ano até à tomada de Babilónia (em 3466) são menos de 70 anos (3399 +70 = 3469). Por isso, penso que os 70 anos para Babilónia começaram mais cedo. Contando 70 anos para trás, chegamos à morte de Josias em 3395. Mas qual a relação com Babilónia?

Nos dias de Josias subiu Faraó Neco, rei do Egipto, contra o rei da Assíria, ao rio Eufrates; e, tendo saído contra ele o rei Josias, Neco o matou, em Megido. (2Rs 23:29-30; 2Cr35:20-25).

O “rei da Assíria” neste versículo, já era o rei da Babilónia. Porque o império da Assíria, nessa altura, já tinha sido conquistado por Nabopolassar e Nabucodonosor quando capturaram Nínive, a capital assíria. Isto aconteceu cerca de 3 anos antes da morte de Josias (usando as datas convencionais, Nínive foi destruída em 612 a.C., Josias foi morto em 609).

O rei do Egipto marchou para norte, para Carquemis, uma fortificação egípcia no Eufrates, atravessando a terra de Israel, para defender-se contra  o avanço de Nabopolassar/Nabucodonosor da Babilónia. Josias opôs-se ao exército egípcio em Megido. Foi uma decisão trágica, desnecessária, ele perdeu a batalha e morreu, mas o que interessa aqui é que ele ia contra o Egipto. Portanto, parece que Josias se colocou do lado da Babilónia. Possivelmente porque deu ouvidos a Jeremias, que começara a profetizar no 13º ano de Josias, e avisava todas as nações, e Israel, a submeterem-se ao rei da Babilónia para preservarem a sua vida (Jr 27).

Por esta razão e porque me parece mais correto considerar os 70 anos para Babilónia em relação a Israel e não em relação ao Egipto (como é o caso de Carquemis) ou outra nação, coloco a hipótese que os 70 anos de domínio da Babilónia começaram com a morte de Josias.


Pudemos assim observar vários períodos de 70 anos, levemente desfasados uns dos outros (overlapping), com um significado diferente, e que permitiram simultaneamente estabelecer com mais rigor a cronologia.

70 anos de assolações / cativeiro
70 anos de jejuns
70 anos de descanso da terra
70 anos para Babilónia






[i][i] Assumimos os anos AH de acordo com o calendário judaico, de Nisan (1º mês) a Nisan, e não de janeiro a janeiro.
[ii] Este Dario é Dario Hystaspes, que sucedeu a Cambises, que sucedeu a Ciro, que emitiu o decreto. Ver a mensagem CRONOLOGIA ESDRAS-NEEMIAS (revisto)  de agosto 2016 para o modo como são contados os anos de reino de Dario.

6 comentários:

  1. Olá, em que ano estamos depois de Adão? 5932?

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  2. Olá irmã

    Tudo bem?!
    Sei que a irmã não concorda, mas permita-me outra observação.
    Acredito piamente que a palavra de Deus é que determina quanto a todas as coisas aconteceram.
    Por isso havia procurado mostrar algumas referências na palavra de Deus e nas profecias de Jeremias sobre os 70 anos de assolação de Jerusalém e os descansos sabáticos (pelos mesmos 70 anos) que haviam de se cumprir sobre terra de Israel.
    E jamais me apoiarei na cronologia secular; nem confiarei na contabilidade por eles estabelecida.
    Creio que a irmã se confundiu. Os 70 anos de cativeiro se acabam no primeiro ano do rei Ciro e primeiro ano de Dario (o medo); jamais que chegam a Dario (o persa).
    Quando Zacarias (e também Ageu) recebiam do Senhor a incumbência de profetizarem ao povo, os 70 anos já se haviam terminado a tempos.
    Também vejo uma confusão dos irmãos com respeito as profecias bíblicas (todos precisas e verdadeiras) e as afirmações extra bíblicas tanto da cronologia secular quanto de historiador judeu Flávio Josefo.
    Por exemplo, em João 2:20 os judeus dizem a Cristo que o templo judaico demorou-se 46 anos na sua edificação.
    E os judeus falavam justamente da edificação feita por Zorobabel no retorno do cativeiro babilônico.
    Interessante, embora assim seja, a maioria dos estudiosos evangélicos (por crerem muito na cronologia secular) interpretam esta passagem como se referindo a reforma no templo feita por Herodes durante o seu reinado.
    E essas informações quanto a reforma de Herodes são fornecidas por Flávio Josefo.
    O interessante é que o mesmo Flávio Josefo diz nos seus escritos (os mesmos que asseveram a reforma de Herodes) que foram gastos 9 anos em toda a obra feita por Herodes.
    Os estudiosos cristãos acreditam que Herodes tenha reformado o templo, conforme Flavio Josefo; mas acham que ele se enganou e muito quanto ao tempo gasto na mesma.
    Sabe por que?
    Por causa de João 2:20.
    Acontece que Joao 2:20 não está a falar das reformas de Herodes; em João 2:20 trata da destruição do templo (feita por Nabucodonosor) e da reconstrução do mesmo, realizada a mando do Senhor, por intermédio de Zorobabel (lider de Judá) e Josuá (sumo sacerdote) que subiram de Babilônia a Jerusalém a mando de Ciro, rei da Pérsia, a fim de edificarem - a mando do Senhor, o templo e a cidade.
    Sendo assim, creio que a irmão se equivoca tentar definir com datas precisas quando tal e tal evento se dava.
    Não há comprovação alguma na história quanto a estas previsões.
    E a única previsão que é comprovada são as da Escritura e das profecias: ou seja, Israel fica cativo 70 anos na Babilônia; e a cidade cumpri um descanso sabático pelos mesmo 70 anos; era um castigo e era um cumprimento da lei - que os judeus deveriam tê-lo cumprido, mas que não cumpriram. Entao o Senhor o cumpriu.
    E a ordem de restauração da cidade e do templo também têm respaldo profético quanto a sua saída, ou seja, a 450 anos antes de Jesus nascer em Belém da Judeia - e considerando a morte de Cristo aos seus 33 anos de idade - a 483 anos antes de sua morte na cruz do calvário.
    Irmã, digo isso porque me apoio unica e inteiramente no que estabelece a palavra de Deus e as profecias.
    Por exemplo, o descanso da terra era de 70 anos: (II Cron. 36:19-21):

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    1. Caro irmão Jefté
      Não concordamos em tudo, mas valorizo os seus comentários.
      É interessante a sua afirmação sobre João 2:20 e a associação das 46 anos com a construção do templo por Zorobabel. Já tinha ouvido esta hipótese, mas ainda não tive ocasião de me debruçar mais a fundo sobre a questão.
      E, concordo plenamente consigo, que não nos podemos fundamentar na cronologia secular para estabelecer uma cronologia bíblica. E não o faço.
      Mas relativamente ao cativeiro, não posso concordar consigo.
      Em termos de cronologia, e para que a Bíblia tenha um fundamento histórico válido (e os descrentes não possam atacar as Escrituras apontando alegados erros históricos) todas as informações com implicações de teor cronológico devem bater certo. E batem, certamente. Aparentes anomalias sempre têm uma explicação.
      Os 70 anos do cativeiro terminaram com o decreto de Ciro, sim, mas não começaram com a queda de Jerusalém, mas com o cativeiro dos primeiros judeus deportados para Babilónia. Daniel, representante do povo de Deus e conselheiro junto do dominador gentio, cumpriu o cativeiro na sua totalidade de 70 anos. Alguns anos depois, foi deportado o rei Joaquim, a família do rei, todos os artesãos e uma boa parte da população. Nesse grupo estava o profeta Ezequiel. Ezequiel escreve, falando que tal ou tal o Senhor disse ou aconteceu “no ano X do nosso exílio” (Ez 1:2; 33:21;40:1; …). Se isto não é considerado cativeiro, não sei.
      Já expliquei a passagem de Zacarias 7, que fala em 70 anos de jejuns no 5º e do 7º mês, que comemoravam a queda de Jerusalém e que terminaram no 4º ano de Dario o Persa. Que para mim é prova clara que o cativeiro não começou a contar com a tomada de Jerusalém.
      Quanto à pessoa de Daniel: Daniel devia ter (pelo menos) cerca de 17 anos quando foi levado em cativeiro, no terceiro ano de Jeoaquim. Estudou na “universidade” de Nabucodonosor durante 2 a 3 anos, e logo depois foi colocado como chefe sobre todos os sábios, magos, etc. do reino. É improvável que tenham colocado um jovem, ainda por cima estrangeiro e judeu, menor de 20 anos numa posição de tamanha importância, de alto funcionário no reino de Nabucodonosor. Do terceiro ano de Jeoaquim até à tomada de Jerusalém por Nabucodonosor foram cerca de 18 anos. Se o cativeiro de 70 anos só for contado a partir da queda de Jerusalém e da deportação do restante povo, Daniel teria (pelo menos) 17 + 18 + 70 = 105 anos de idade no ano do decreto de Ciro, e mais 3 no 3º ano de Ciro, que é o último registo datado de Daniel (10:1), ou seja 108 anos, se não mais. Não é talvez impossível, mas pouco provável, tendo em conta a diminuição da longevidade que se vinha notando já claramente desde Josué.
      Há também a personagem de Mordecai: Mordecai foi levado para o exílio com o rei Jeconias (Joaquim) em 3407. A história de Ester ocorre no reinado de Dario o Persa segundo defendi na mensagem sobre Ester (novembro 2015). Ou seja, vários anos após o regresso, no ano 3467, segundo as minhas contas. Depois dos acontecimentos no 12º ano de Dario, Mordecai foi exaltado (Ester 10:3). Nessa altura, e admitindo que foi levado para o exílio recém-nascido, ele já tem cerca de 90 anos, segundo as minhas contas. Porém, se o cativeiro durou 70 anos desde a queda de Jerusalém, temos que adicionar mais 30 anos, o que daria 120 anos de idade para Mordecai. E isto já não é possível.
      E não estou a apoiar-me na cronologia secular. Mas apenas em dados fornecidas na Palavra.
      Há várias coisas que testemunham claramente contra uma duração de cativeiro de 70 anos a partir da queda de Jerusalém.

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    2. (continuação)
      A Bíblia, além de ser um texto espiritual, é um livro histórico. Documenta a história de um povo no contexto de outros povos em redor: Tiro, Sidom, Amom, Edom, Egipto, Assíria, Pérsia, Babilónia, Roma, etc. Povos que existiram, que têm uma história. A própria história de Israel tem na Bíblia numerosas indicações cronológicas, frequentemente relativamente ao ano de reinado de um rei, por vezes pormenorizadamente até ao dia. Os exemplos são mais que muitos.
      Não é nenhum equívoco tentar definir datas precisas de eventos e estabelecer a cronologia da história de Israel, como narrada na Bíblia, e procurar relacioná-la com a história dos povos em redor. Aliás, é aí que está o problema. Tem-se tentado adaptar, inclusive historiadores cristãos, a cronologia bíblica com a cronologia secular como ensinada nas universidades e usada na arqueologia. O resultado é que parece que a Bíblia é uma completa fábula, porque as duas histórias não se ajustam (veja por exemplo minhas mensagens sobre o Êxodo (fevereiro-março 2014) e sobre a batalha de Jericó (setembro 2014). Estou convicta (e há vários autores com esta mesma convicção) que é a cronologia da Bíblia que deve servir de base para determinar as cronologias e histórias das nações na Antiguidade, e não ao contrário. Por isso, julgo importante estabelecer uma cronologia bíblica tão rigorosa quanto possível a partir de informação contida na Bíblia. É uma questão de defesa da fé, não que eu necessite destas provas para a minha fé pessoal, mas é importante para a defesa da credibilidade da Bíblia contra teses contrárias.

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    3. Irrefutável, minha irmã! Que nosso Deus continue te dando sabedoria e graça nesse útil ministério. Amém

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  3. Olá irmã
    Que bom que pensas assim! Amém!
    Mas gostaria de dizer uma coisa:
    Não creio que a história de Ester tenha se ocorrido no tempo de Dario, o persa.
    Creio que ela se dera bem no tempo do exílio judaico, quando Jerusalém se encontrava destruída; tanto é que Dario, o medo, que ocupa o trono em Babilônia, depois matar o rei Belsazar (filho de Nabuoconosor) era filho de Assuero, o rei que casara com Ester. (Daniel 9:1)

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