OS LEVITAS (1) - No deserto

Há muitas referências aos levitas, muitos nomes, muita informação genealógica. Geralmente saltamos estas passagens. São confusas. Tantos nomes que nada nos dizem. Que tal tentarmos encontrar uma ordem naquilo, perceber como estavam organizados os levitas? O que podemos aprender das suas genealogias, de todos esses nomes que são elencados em vários capítulos da Bíblia?

Os Levitas no tempo do deserto

Ex 32:26-29

Depois do episódio do bezerro de ouro, Moisés disse: Quem é do Senhor, venha a mim. Então se ajuntaram ele todos os filhos de Levi. E disse-lhes: Assim diz o Senhor, o Deus de Israel: cada um ponha a sua espada sobre a sua coxa: e passai e tornai pelo arraial, de porta em porta, e mate cada um a seu irmão, e cada um a seu amigo, e cada um a seu próximo. E os filhos de Levi fizeram conforme a palavra de Moisés: e caíram do povo, naquele dia, uns três mil homens. Porquanto Moisés tinha dito: Consagrai, hoje, as vossas mãos ao Senhor; porquanto cada um será contra o seu filho, e contra o seu irmão: e isto para ele vos dar hoje bênção.

A atitude dos filhos de Levi destacou-os de entre os seus irmãos.

Num 1

No início do segundo ano da saída do Egipto, Moisés foi ordenado tomar a soma de toda a congregação dos filhos de Israel, segundo a casa de seus pais, da idade de 20 anos para cima. Os levitas não foram contados entre eles, porque seriam separados com uma missão especial, consequência da sua tomada de posição no caso do bezerro de ouro.

Num 1:50-53 - Põe os levitas sobre o tabernáculo do testemunho, e sobre todos os seus vasos, e sobre tudo o que lhe pertence; eles levarão o tabernáculo e todos os seus vasos; e eles o administrarão, e assentarão o seu arraial ao redor do tabernáculo. E quando o tabernáculo partir, os levitas o desarmarão; e quando o tabernáculo assentar no arraial, os levitas o armarão, e o estranho que se chegar morrerá. E os filhos de Israel assentarão as suas tendas, cada um no seu esquadrão, cada um junto à sua bandeira, segundo os seus exércitos. Mas os levitas assentarão as suas tendas ao redor do tabernáculo do testemunho, para que não haja indignação sobre a congregação dos filhos de Israel; pelo que os levitas terão o cuidado da guarda do tabernáculo do testemunho.

A função dos levitas de guardas do tabernáculo faz lembrar os querubins com a espada inflamada que o Senhor pôs ao oriente, isto é, à entrada do jardim do Éden, para guardar o caminho da árvore da vida: “o estranho que se chegar morrerá” (v.51). “Para que não haja praga entre os filhos de Israel, chegando-se os filhos de Israel ao santuário” (Num 8:19).

Números 3 elenca as grandes famílias dos levitas no tempo do deserto:

Os filhos de Levi eram:          Gerson – Coate – Merari

Os filhos de Gerson:   Libni – Simei

Os filhos de Coate:     Amram – Izar – Hebron – Uziel

Os filhos de Merari:   Maeli - Musi

As casas paternas tinham, cada uma, um príncipe. Estes eram os três príncipes dos levitas na época em que Israel saiu do Egipto:

O príncipe dos gersonitas:     Eliasaf, filho de Lael (v.23)

O príncipe dos coatitas:         Elisafan, filho de Uziel (v.30)

O príncipe dos meraritas:      Suriel, filho de Abiail (v.35)

Importa mencionar aqui o papel de liderança que teve Corá, filho de Izar, filho de Coate na rebelião contra Moisés e Aarão (Num 16). Corá pereceu nesta revolta. Será por isso que o príncipe da casa paterna dos coatitas não foi Corá (que era o segundo filho depois de Amram de quem desceram os sacerdotes) ou um filho dele, mas Elisafan, filho de Uziel, o filho mais novo de Coate. Porém, os filhos de Corá não morreram (Num 26:11) na culpa do seu pai e teriam mais tarde um importante ministério.

Cada uma das famílias dos levitas assentava o seu arraial num lugar determinado: Gerson, a ocidente do tabernáculo (v.23); Coate, a sul (v.29); Merari, do lado norte (v.35) e, do lado oriente, onde estava a entrada para o tabernáculo, estavam Moisés e Aarão, filhos de Amram, da família de Coate (v.38). Os levitas formavam como que uma guarda em volta do tabernáculo.

	Merari
Gerson		Moisés e Aarão
	Coate

Cada família tinha a seu cargo uma parte específica do tabernáculo nas suas deslocações (Num 3-4, 18):

- Gerson: Num 3:25-26; 4:24-26

- Coate: Num 3:31; 4:15

- Merari: Num 3:36-37; 4:31-32)

Apesar de terem um príncipe, cada uma destas famílias estava também sob a superintendência dos filhos de Aarão.

Aarão foi o sumo-sacerdote durante todo o tempo que os israelitas andaram no deserto depois de saírem do Egipto. Durante o tempo que Aarão era sumo-sacerdote, Eleazar, seu filho e sucessor no sumo-sacerdócio, era o “príncipe dos príncipes dos levitas”. Tinha a superintendência sobre os que tinham cuidado da guarda do santuário (Num 3:32), isto é: os levitas.

Especificamente ainda, Eleazar era encarregue da superintendência do grupo dos filhos de Coate que transportavam as coisas sagradas do lugar santo e tinha a seu cargo tudo o que havia no santo dos santos (Num 4:16).

Itamar, irmão mais novo de Eleazar, tinha também responsabilidades específicas, nomeadamente, a superintendência do ministério das gerações dos filhos de Gérson, bem como das gerações dos filhos de Merari (Num 4:28, 33).

Da idade de 30 anos e para cima, até aos 50 anos, será todo aquele que entrar neste exército, para fazer obra na tenda da congregação (Num 4:3). Este é o ofício dos levitas: da idade de 25 anos e para cima, entrarão para fazerem o serviço no ministério da tenda da congregação; mas, desde a idade de 50 anos, sairão da milícia deste ministério, e nunca mais servirão. Porém, com os seus irmãos servirão na tenda da congregação, para terem cuidado da guarda; mas o ministério não exercerão; assim farás com os levitas, nas suas guardas (Num 8:23-26).

Parece haver uma contradição entre Num 4:3 e 8:24 quanto à idade dos levitas no ministério, mas entendemos que os levitas entravam como “estudantes” e “estagiários”, para usar terminologia atual, aos 25 anos, e aos 30 eram admitidos no pleno exercício das suas funções. Depois dos 50 deixavam o ministério pleno, mas certamente ficavam para instrução e aconselhamento dos mais jovens e tarefas mais leves.

No início do segundo ano depois da saída do Egipto, foram contados todos os levitas em idade de serviço, entre os 30 e 50 anos, sendo no total 8.580 (Num 4:34-49).

Coatitas:         2750

Gersonitas:     2630

De Merari:      3200